Fora da competição pelo Urso de Ouro no 69º Festival de Berlim, o Brasil, a despeito disso, terá presença relevante na mostra. Treze produções (e coproduções) brasileiras serão exibidas na capital alemã, entre 7 e 17 de fevereiro. Ontem (29), o festival divulgou sua programação completa – serão 400 filmes, distribuídos em diversas seções, e quase mil exibições.
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Artistas que produziram obras sobre Mariana dizem que Brumadinho dói maisPianista portuguesa abandona palcos para se dedicar a projeto pedagógico em meio à naturezaAlegando ignorância, cantora de girl band tailandesa exibe suástica na TVPreso ladrão de quadro em MoscouSem recursos, museus de Minas Gerais pedem socorroMemorial Minas Gerais Vale vai ficar fechado até segunda (4)Morre Fernando Gaitán, roteirista colombiano e criador de 'Betty, a feia'Wagner Moura é bem conhecido do evento, já que Tropa de elite, de José Padilha, levou o Urso de Ouro em 2008. Em Marighella, baseado da biografia do guerrilheiro escrita por Mário Magalhães, o músico e ator Seu Jorge interpreta o personagem-título. Também estão no elenco Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Jorge Paz, Luiz Carlos Vasconcelos, Humberto Carrão, Bella Camero e Ana Paula Bouzas.
Segunda mostra mais importante do Festival de Berlim, a Panorama terá no páreo o documentário 'Estou me guardando para quando o carnaval chegar', de Marcelo Gomes (que competiu na mostra alemã com Joaquim, há dois anos), a ficção Greta, de Amando Praça, com Marco Nanini; Breve historia del planeta verde, do argentino Santiago Loza (coprodução Argentina, Brasil, Alemanha e Espanha), Divino amor, do pernambucano Gabriel Mascaro (coprodução entre Brasil, Uruguai, Chile, Dinamarca, Noruega e Suécia, também no Festival de Sundance); e La arrancada, do amazonense Aldemar Matias, filme produzido por Brasil, França e Cuba.
Uma produção mineira compete na mostra Fórum.
A história na tela é quase toda verdadeira, garante Marins Jr., hoje radicado em Portugal. “Eu estava vivendo em uma fazenda muito próxima à região onde filmei Girimunho (seu longa anterior), entre Unaí e Uruana de Minas”, conta o diretor. Quando estava com tudo pronto para filmar o novo longa – “A dois meses da filmagem” – seu protagonista desistiu.
ASSALTO
“Bateu uma loucura, fiquei pensando no que iria fazer da vida. Eis que, na fazenda vizinha, houve um assalto e levaram 120 cabeças de gado. Marcelo era o único vaqueiro que estava ali no momento do assalto, foi colocado como refém”, relembra Marins Jr. Ele decidiu ir a fundo na história e transformá-la em seu próximo filme.
Querência foi rodado em 2016. O longa tem um nome de peso na ficha técnica. Walter Salles é um dos produtores, por meio da Videofilmes. Marins Jr. se recorda de como o contato foi feito. “O (Eduardo) Coutinho, quando viu Girimunho, quis conversar comigo. Ele levou o filme para o Walter, o João Moreira Salles e o Eduardo Escorel.
A mostra Fórum ainda terá, do Brasil, os filmes Chão, de Camila Freitas, O ensaio, de Tomar Guimarães, e A rosa azul de Novalis, de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro. Há apenas um curta brasileiro na competição internacional: Rise foi rodado com personagens de uma comunidade que frequenta os subterrâneos de uma das novas linhas do metrô, em Toronto, no Canadá. Os autores são a fotógrafa e cineasta Bárbara Wagner e seu companheiro alemão, Benjamin de Burca.
Único brasileiro na mostra Geração, o documentário Espero tua (re)volta, de Eliza Capai, reflete sobre a recente história brasileira a partir das lutas estudantis. “Em 2016, fui fazer uma pesquisa para uma série de TV quando os estudantes ocuparam a Alesp, em São Paulo, pedindo a CPI da merenda. Minha ideia era entrar rapidamente e encontrar as lideranças”, conta Eliza, que acabou permanecendo por dois dias e só deixando o lugar quando a ocupação terminou.
A documentarista ficou curiosa para entender essa geração, saber “quem são esses meninos de escola pública e da periferia que conseguem um grau de organização daquele tamanho”. Espero tua (re)volta é centrado em três personagens: Lukas Koka, Marcela Jesus e Nayara Souza. “A ideia inicial era filmar só com os meninos que estavam na ocupação. À medida que pesquisei mais, vi a complexidade do tema.” Dessa maneira, o filme trata de outros pontos das lutas estudantis, como gênero e feminismo.
O documentário acompanha cinco anos da história brasileira: as passeatas de 2013, o processo de impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, no final de 2018. Para Eliza, estar na mostra Geração tem um significado maior.
A MOSTRA ALEMÃ
Confira os filmes da seleção oficial do Festival de Berlim 2019
L’adieu à la nuit, de André Téchiné (França/Alemanha) – fora de competição
Amazing Grace, de Alan Elliott (EUA) – fora de competição
The Ground beneath my feet, de Marie Kreutzer (Áustria)
So long, my son, de Wang Xiaoshuai (China)
Elisa y Marcela, de Isabel Coixet (Espanha)
The golden glove, de Fatih Akin (Alemanha/França)
God exists, her name is Petrunya, de Teona Strugar Mitevska (Macedônia/Bélgica/ Eslovênia/Croácia/França)
Grâce à Dieu, de François Ozon (França)
I was at home, But, de Angela Schanelec (Alemanha/Sérvia)
The kindness of strangers, de Lone Scherfig (Dinamarca/Canadá/Suécia/Alemanha/França) – filme de abertura
A tale of three sisters, de Emin Alper (Turquia/Alemanha/Holanda/Grécia)
Marighella, de Wagner Moura (Brasil) – fora de competição
Mr. Jones, de Agnieszka Holland (Polônia/Reino Unido/Ucrânia)
Öndög, de Wang Quan’an (Mongólia)
The operative, de Yuval Adler (Alemanha/Israel/França/EUA) – fora de competição
La paranza dei bambini, de Claudio Giovannesi (Itália)
Répertoire des villes disparues, de Denis Côté (Canadá)
Synonymes, de Nadav Lapid (França/Israel/Alemanha)
System crasher, de Nora Fingscheidt (Alemanha)
Out stealing horses, de Hans Petter Moland (Noruega/Suécia/Dinamarca)
Varda par Agnès, de by Agnès Varda (França) – fora de competição
Vice, de Adam McKay (EUA) – fora de competição
One second, de Zhang Yimou (China)
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