A lista dos cinco diretores indicados ao Oscar traz dois norte-americanos (Adam McKay, por Vice e Spike Lee, em sua primeira indicação na categoria por Infiltrado na Klan), um polonês (Pawel Pawlikowski, por Guerra fria), um grego (Yorgos Lanthimos, por A favorita) e um mexicano (Alfonso Cuarón, por Roma).
A ausência de dois nomes nesta lista não chegou a surpreender. Peter Farrelly, de Green book: O guia e Bryan Singer, por Bohemian Rhapsody. As duas produções receberam, cada, cinco indicações. E os dois longas estão na lista de oito concorrentes em melhor filme, a principal categoria do Oscar. Havia quem apostasse que os diretores atrapalhariam as campanhas dos filmes, mas a Academia de Hollywood acabou reconhecendo as produções.
Farrelly e Singer são nomes “difíceis” para a indústria. O primeiro, dono de uma filmografia com títulos sexistas – Quem vai ficar com Mary? e O amor é cego são dois exemplos – teve que vir a público neste mês se desculpar depois que a imprensa denunciou seu hábito de mostrar o pênis durante a produção de seus filmes – Cameron Diaz, a Mary da supracitada comédia de 1998, foi uma de suas vítimas.
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Apresentado como uma história baseada em fatos, o filme narra a amizade entre Don Shirley (Mahershala Ali), um virtuoso do piano, e seu motorista, Tony Lip (Viggo Mortensen), durante um turnê pelo Sul dos Estados Unidos da década de 1960, anos de forte segregação racial. A família de Shirley veio a público recentemente afirmando que a amizade entre o músico e seu motorista é fantasiosa.
O roteirista do filme, Nick Vallelonga, é filho de Tony Lip. Ele também teve que pedir desculpas públicas neste mês, por causa de um tuíte contra muçulmanos, que publicou em 2015. Mahershala Ali, a estrela do filme, é muçulmana. Vallelonga e Farrelly têm chances de subir ao palco do Oscar, já que ambos estão entre os produtores do longa – e Farrelly também assina como corroteirista.
Já Bryan Singer dificilmente será visto na cerimônia de 24 de fevereiro. Ele assina sozinho a direção de Bohemian Rhapsody, apesar de ter abandonado as filmagens duas semanas antes de seu término. Ele afirma que saiu para cuidar da saúde da mãe, mas as desavenças entre diretor e estrela (Rami Malek) do filme foram notórias, com constantes atrasos de Singer. Somado a isto, ele ainda foi acusado, em 2017 de estuprar um menor, coisa que ele negou na época.
No Globo de Ouro, que Bohemian Rhapsody saiu com os troféus de melhor filme e ator em drama, o nome do diretor (ausente da plateia) não foi citado em nenhum agradecimento.