Em 12 de novembro, Stan Lee partiu desta dimensão, aos 95 anos, deixando um universo de personagens cujas histórias parecem infinitas. Uma de suas criações mais populares, o Homem-Aranha, desenvolvido para os quadrinhos em parceria com Steve Ditko na década de 1960, já apareceu sob formas diferentes em séries animadas e no cinema. Nos últimos 17 anos, houve três concepções na telona para o jovem nova-iorquino que adquire superpoderes ao ser picado por um aracnídeo radioativo. Nesta quinta-feira (10), o herói está de volta em Aranhaverso. O filme aborda justamente a amplitude desse leque de possibilidades. Premiada como melhor animação no Globo de Ouro e forte candidata ao Oscar da categoria, a produção é uma bela homenagem ao seu criador.
Primeiro longa animado sobre o personagem, 'Homem-Aranha: No Aranhaverso' aborda o universo em torno do herói. Ou melhor, dos heróis, que podem surgir até como Mulher-Aranha. O que parece confuso fica claro na narrativa criada pelos produtores Phil Lord e Chris Miller ('Uma aventura Lego' e 'Tá chovendo hambúrguer'). Lord assina o roteiro em parceria com Rodney Rothman. Esse último completa o trio de diretores com Bob Persichetti e Peter Ramsey.
A inspiração principal é Miles Morales, adolescente negro, filho de mãe latina e morador do Brooklyn. Criado pela ilustradora italiana Sara Pichelli e pelo escritor norte-americano Brian Michael Bendis para uma série de quadrinhos lançada em 2011, o personagem assume o protagonismo da trama cinematográfica no lugar de Peter Parker, o primeiro Aranha.
Picado pela aranha radioativa, Miles adquire a habilidade de escalar paredes e lançar sua teia pelos edifícios de Nova York – assim como Parker, idolatrado por ele. De início, o jovem não compreende bem o que está ocorrendo. Porém, o vilão Rei do Crime abre um portal interdimensional na tentativa de dominar o mundo e mata o Homem-Aranha original. Miles entra em crise existencial, até descobrir que não é o único sobrevivente com super-habilidades.
Com proposta visual pouco comum no cinema, mesclando computação gráfica a traços clássicos do formato 2D, a produção da Sony Pictures reúne mais cinco “Aranhas”, vindos de realidades paralelas. Miles ganha a companhia de outra versão de Peter Parker – agora mais velho, vivendo em outra década, com barriga avantajada e praticamente aposentado da profissão de super-herói. Também surgem a “garota-aranha” Spider-Gwen, criança japonesa com um “robô-aranha” (Peni Parker), a versão do Homem-Aranha dos anos 1930 (Aranha-Noir) e até um bizarro “porco-aranha” (Peter Porker/Spider Ham).
ESPÍRITO A miscelânea confirma o que disse o diretor Peter Ramsey em seu discurso vitorioso no Globo de Ouro, no domingo: “Qualquer um pode vestir aquela máscara. Todos são poderosos, todos são necessários, nós todos contamos. Esse é o espírito do filme”.
Para leigos em Homem-Aranha, a mistura pode parecer delírio, mas fãs de HQs já conhecem as versões porco e mulher do Homem-Aranha. Há publicações de vários autores com interpretações próprias do herói. No filme, a campanha contra o Rei do Crime apresenta elementos retirados desse universo, como o vilão Dr. Octopus, repaginado em versão feminina. A proposta de presentear os fãs com referências a outras histórias se estende ao fim do longa: a hilariante cena pós-créditos vale cada segundo de espera.
Miles aprende com as outras versões do herói a usar seus superpoderes, o que traz grandes responsabilidades, como bem sabem os fãs. Enfrenta dilemas pessoais e dramas familiares enquanto tenta deter o Rei do Crime, num enredo aparentemente simplório, mas com camadas de entendimento mais sensíveis.
Nesse contexto, há uma reverência a Stan Lee. Como de praxe, o quadrinista aparece brevemente em cena. Desta vez, como um vendedor de fantasias, dublado por ele próprio. Além de vender o traje de aranha para Miles Morales, passa ao garoto um importante recado sobre a identidade que ele está prestes a assumir.
No último filme com a participação de Stan Lee em vida, a passagem vale como o adeus capaz de levar às lágrimas os admiradores do “pai” de Incrível Hulk, Pantera Negra e Capitão América, além dos X-Men. Certamente não são poucos, conforme a frase que surge ao fim da projeção: “Obrigado, Stan Lee e Steve Ditko, por nos dizer que não somos os únicos”.
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A inspiração principal é Miles Morales, adolescente negro, filho de mãe latina e morador do Brooklyn. Criado pela ilustradora italiana Sara Pichelli e pelo escritor norte-americano Brian Michael Bendis para uma série de quadrinhos lançada em 2011, o personagem assume o protagonismo da trama cinematográfica no lugar de Peter Parker, o primeiro Aranha.
Picado pela aranha radioativa, Miles adquire a habilidade de escalar paredes e lançar sua teia pelos edifícios de Nova York – assim como Parker, idolatrado por ele. De início, o jovem não compreende bem o que está ocorrendo. Porém, o vilão Rei do Crime abre um portal interdimensional na tentativa de dominar o mundo e mata o Homem-Aranha original. Miles entra em crise existencial, até descobrir que não é o único sobrevivente com super-habilidades.
Com proposta visual pouco comum no cinema, mesclando computação gráfica a traços clássicos do formato 2D, a produção da Sony Pictures reúne mais cinco “Aranhas”, vindos de realidades paralelas. Miles ganha a companhia de outra versão de Peter Parker – agora mais velho, vivendo em outra década, com barriga avantajada e praticamente aposentado da profissão de super-herói. Também surgem a “garota-aranha” Spider-Gwen, criança japonesa com um “robô-aranha” (Peni Parker), a versão do Homem-Aranha dos anos 1930 (Aranha-Noir) e até um bizarro “porco-aranha” (Peter Porker/Spider Ham).
ESPÍRITO A miscelânea confirma o que disse o diretor Peter Ramsey em seu discurso vitorioso no Globo de Ouro, no domingo: “Qualquer um pode vestir aquela máscara. Todos são poderosos, todos são necessários, nós todos contamos. Esse é o espírito do filme”.
Para leigos em Homem-Aranha, a mistura pode parecer delírio, mas fãs de HQs já conhecem as versões porco e mulher do Homem-Aranha. Há publicações de vários autores com interpretações próprias do herói. No filme, a campanha contra o Rei do Crime apresenta elementos retirados desse universo, como o vilão Dr. Octopus, repaginado em versão feminina. A proposta de presentear os fãs com referências a outras histórias se estende ao fim do longa: a hilariante cena pós-créditos vale cada segundo de espera.
Miles aprende com as outras versões do herói a usar seus superpoderes, o que traz grandes responsabilidades, como bem sabem os fãs. Enfrenta dilemas pessoais e dramas familiares enquanto tenta deter o Rei do Crime, num enredo aparentemente simplório, mas com camadas de entendimento mais sensíveis.
Nesse contexto, há uma reverência a Stan Lee. Como de praxe, o quadrinista aparece brevemente em cena. Desta vez, como um vendedor de fantasias, dublado por ele próprio. Além de vender o traje de aranha para Miles Morales, passa ao garoto um importante recado sobre a identidade que ele está prestes a assumir.
No último filme com a participação de Stan Lee em vida, a passagem vale como o adeus capaz de levar às lágrimas os admiradores do “pai” de Incrível Hulk, Pantera Negra e Capitão América, além dos X-Men. Certamente não são poucos, conforme a frase que surge ao fim da projeção: “Obrigado, Stan Lee e Steve Ditko, por nos dizer que não somos os únicos”.