Em 12 de novembro, Stan Lee partiu desta dimensão, aos 95 anos, deixando um universo de personagens cujas histórias parecem infinitas. Uma de suas criações mais populares, o Homem-Aranha, desenvolvido para os quadrinhos em parceria com Steve Ditko na década de 1960, já apareceu sob formas diferentes em séries animadas e no cinema. Nos últimos 17 anos, houve três concepções na telona para o jovem nova-iorquino que adquire superpoderes ao ser picado por um aracnídeo radioativo. Nesta quinta-feira (10), o herói está de volta em Aranhaverso. O filme aborda justamente a amplitude desse leque de possibilidades. Premiada como melhor animação no Globo de Ouro e forte candidata ao Oscar da categoria, a produção é uma bela homenagem ao seu criador.
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Picado pela aranha radioativa, Miles adquire a habilidade de escalar paredes e lançar sua teia pelos edifícios de Nova York – assim como Parker, idolatrado por ele. De início, o jovem não compreende bem o que está ocorrendo. Porém, o vilão Rei do Crime abre um portal interdimensional na tentativa de dominar o mundo e mata o Homem-Aranha original. Miles entra em crise existencial, até descobrir que não é o único sobrevivente com super-habilidades.
Com proposta visual pouco comum no cinema, mesclando computação gráfica a traços clássicos do formato 2D, a produção da Sony Pictures reúne mais cinco “Aranhas”, vindos de realidades paralelas. Miles ganha a companhia de outra versão de Peter Parker – agora mais velho, vivendo em outra década, com barriga avantajada e praticamente aposentado da profissão de super-herói.
ESPÍRITO A miscelânea confirma o que disse o diretor Peter Ramsey em seu discurso vitorioso no Globo de Ouro, no domingo: “Qualquer um pode vestir aquela máscara. Todos são poderosos, todos são necessários, nós todos contamos. Esse é o espírito do filme”.
Para leigos em Homem-Aranha, a mistura pode parecer delírio, mas fãs de HQs já conhecem as versões porco e mulher do Homem-Aranha. Há publicações de vários autores com interpretações próprias do herói. No filme, a campanha contra o Rei do Crime apresenta elementos retirados desse universo, como o vilão Dr. Octopus, repaginado em versão feminina. A proposta de presentear os fãs com referências a outras histórias se estende ao fim do longa: a hilariante cena pós-créditos vale cada segundo de espera.
Miles aprende com as outras versões do herói a usar seus superpoderes, o que traz grandes responsabilidades, como bem sabem os fãs. Enfrenta dilemas pessoais e dramas familiares enquanto tenta deter o Rei do Crime, num enredo aparentemente simplório, mas com camadas de entendimento mais sensíveis.
Nesse contexto, há uma reverência a Stan Lee.
No último filme com a participação de Stan Lee em vida, a passagem vale como o adeus capaz de levar às lágrimas os admiradores do “pai” de Incrível Hulk, Pantera Negra e Capitão América, além dos X-Men. Certamente não são poucos, conforme a frase que surge ao fim da projeção: “Obrigado, Stan Lee e Steve Ditko, por nos dizer que não somos os únicos”..