Estranho, excêntrico, absurdo. Tais adjetivos caem como uma luva para Diamantino, longa-metragem de estreia da dupla luso-americana Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt. Sua ousadia acabou levando, em maio, o prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes.
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Live-action de 'Aladdin' ganha primeiras imagens de Will Smith como GênioO retorno de Mary Poppins traz Emily Blunt no papel da babá quase perfeita'Abriu caminho para as mulheres em Hollywood', diz Madonna sobre Penny MarshallCrise dos refugiados, fluidez de gênero, xenofobia e questões urgentes do mundo contemporâneo são alguns dos temas tratados nesta fantasia satírica centrada na figura do personagem-título, interpretado por Carloto Cotta – ator português tanto conhecido no cinema independente quanto em produções televisivas de seu país.
Diamantino é claramente inspirado em Cristiano Ronaldo, inclusive fisicamente. Tal qual o jogador da Juventus, ele é o ídolo máximo do futebol lusitano. Só que as semelhanças terminam por aí. Infantilizado, o personagem é dependente do pai, desconhece as más intenções das irmãs gêmeas – que o escravizam, tal qual as irmãs malvadas da Cinderela – e, absurdo dos absurdos, tem visões com cachorros fofos e enormes quando está numa decisão de campeonato.
O jogador cai em desgraça quando perde o pênalti que daria o título a Portugal na Copa do Mundo. Deprimido em casa, decide adotar um “refugiadinho” depois que assiste a imagens da crise pela TV.
Informação de mais, não? Mas a condução da dupla de diretores – que se conheceu quando estudava cinema na Universidade de Nova York e assinou alguns curtas experimentais – acaba por fazer com que a narrativa tenha unidade.
“Começamos o roteiro pensando em fazer uma história emocional, baseada nas comédias românticas, mas o mais inesperada possível. Em volta disso, colocamos as coisas que estavam acontecendo no mundo. Brexit, crise dos refugiados, atuam como um espelho da realidade”, afirma Abrantes.
O longa foi iniciado em 2010, porém rodado cinco anos depois. A montagem e a pós-produção, com muitos efeitos especiais, demandaram bastante tempo. “Foi nesta hora que começamos a brincar”, continua Abrantes, filho de portugueses, mas nascido e criado nos EUA. Há pouco mais de uma década, ele passou a viver em Lisboa.
Com a coprodução brasileira da produtora carioca Syndrome Films, o som foi todo feito no país – houve também uma consultoria na montagem.