Cada herói luta com as armas que tem. Desde o anúncio de que Aquaman finalmente ganharia seu primeiro filme-solo – 77 anos depois de ter nascido na DC Comics –, ficou claro que a figura de Jason Momoa era a mais adequada para o papel.
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Eles vão encontrar a mitologia, os figurinos (tais e quais na HQ), os personagens e o espírito da narrativa. Como filme de apresentação do personagem (que participou, com discrição, de Batman vs Superman – A origem da Justiça e Liga da Justiça, dois dos cinco longas anteriores do Universo Estendido DC), ele ganhou um prólogo que contextualiza sua história.
Arthur (Momoa) é o filho mestiço de Atlanna (Nicole Kidman), ex-rainha de Atlântida, e do humano Thomas Curry, um simples faroleiro (papel de Temuera Morrison). A mãe, em um lance só possível para quem ama demais, abandona a família para salvá-la. Arthur cresce sabendo quem é. Sente-se culpado pelo fim de Atlanna, que acredita estar morta.
Tanto por isso, quer manter a maior distância do legado da rainha. Vive entre o mar e a terra, ajuda quem precisa dele (na primeira grande sequência de ação, salva a tripulação de um submarino de um pirata), mas recusa qualquer proximidade com o mundo mágico de Atlântida.
Logicamente, um acontecimento vai levá-lo ao fundo do mar. Arthur/Aquaman entra numa briga de vida e morte com seu meio-irmão, o rei Orm (Patrick Wilson), que acredita ser o herdeiro legítimo de Atlântida e quer se tornar o Mestre do Oceano. Acaba se envolvendo com a parceira dele, Mera (Amber Heard), e seu antigo mestre de luta Vulko (Willem Dafoe).
Além de Orm, Arthur tem de lidar com outro inimigo, Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen), que culpa Aquaman pela morte de seu pai.
Sob esse viés um tanto família, Aquaman versa sobre vingança, poder, arrependimento e redenção, temas comuns aos quadrinhos.
A forma (e não somente a impressionante forma física de Momoa) é que é outra, comparando-se Aquaman aos demais longas do Universo DC. A maior parte da narrativa é ambientada, obviamente, no fundo do mar. Tudo com muita, mas muita mesmo, computação gráfica – tanto que o cabelão descolorido de Momoa está quase sempre impecável, mesmo passando a maior parte do tempo molhado.
LASER
O fundo do mar é de um kitsch tremendo, com seus animais enormes (quase todos falantes). O polvo toca bateria, tubarões usam raio laser. É tudo colorido demais, quase infantil – uma pena que a classificação etária para 12 anos vai impedir o acesso de muitas crianças em férias às salas de cinema. Há sustos, sempre em profusão (com a mesma trilha sonora marcando cada um deles), que se acentuam na exibição em Imax – se é para assistir a um filme de super-herói, veja-o direito.
O problema é que Momoa e todos os seus músculos não são engraçados. O ator, que ganhou fama com outro grandalhão emotivo (o Khal Drogo de Games of thrones), tenta fazer graça com algumas tiradas, mas não convence quando abre a boca. Momoa se sai bem, mesmo, nas cenas de ação. A empatia do casal Aquaman/Mera é zero, principalmente quando os dois percorrem o mundo terreno, descem de avião (sem paraquedas) no deserto do Saara e vão parar numa vila da Sicília.
À medida que a narrativa se desenvolve (são quase 150 minutos, como preza qualquer filme de super-herói), o longa vai se perdendo. As referências, os fãs de blockbuster vão logo notar, vão de Indiana Jones a Jurassic Park. É muita forma para tão pouco conteúdo. Mas, vá lá, tirando os excessos, é até divertido.
NEGÓCIO DA CHINA
Aquaman não está estreando apenas no Brasil. O filme, que custou cerca de US$ 160 milhões, também chega às telas de parte da Europa, América Latina e Ásia. Seu principal mercado, os Estados Unidos, só o verá a partir do dia 21. Já faz sucesso na China, o segundo maior mercado de cinema do mundo depois dos EUA, nem sempre um terreno fácil para produções norte-americanas. No primeiro fim de semana, arrecadou US$ 94 milhões em ingressos no país asiático. Sinal mais do que positivo.