'A mata negra', filme de terror brasileiro, estreia em BH

Assinado pelo cineasta capixaba Rodrigo Aragão, o filme vem reforçar o crescimento das produções de terror e suspense no país

por Pedro Galvão 06/12/2018 08:20

Fábulas Negras/Divulgação
Carol Aragão, filha do diretor Rodrigo Aragão está no papel principal (foto: Fábulas Negras/Divulgação)

Na misteriosa floresta, garota acha um livro sobre rituais sombrios e tenta usá-lo para trazer de volta o amado morto, desencadeando uma série de acontecimentos assustadores naquela pacata região. O enredo de A mata negra, que estreia nesta quinta-feira (6), às 19h, no Pátio 1, não soa estranho a quem está habituado a acompanhar os lançamentos mundiais do terror e do suspense. Porém, a história se passa no litoral capixaba, onde nasceu o cineasta Rodrigo Aragão, diretor desta e de outras produções recentes que vêm consolidando o gênero no cinema nacional. Com orçamentos maiores e variedade de ideias, o horror vem superando o trash no Brasil, vencendo festivais e tentando aumentar as bilheterias.

Depois de abrir o Fantaspoa, principal festival nacional dedicado ao gênero, realizado em Porto Alegre, e ser exibido em outras mostras, A mata negra chega ao circuito comercial no programa Projeta às 7, da Rede Cinemark. No papel principal está Clara, interpretada pela filha do diretor, Carol Aragão, garota adotada por outro personagem dos filmes de Rodrigo, Pai Pedro (Markus Konká), morador da mata nas proximidades de Guarapari. O local é cenário de episódios sobrenaturais envolvendo a jovem, perseguida por fanáticos religiosos.

Assim como em seus outros quatro longas – Mangue negro (2008), A noite do chupa-cabra (2011), Mar negro (2013) e As fábulas negras (2015) –, o diretor conta uma história de horror e fantasia baseada em peculiaridades regionais, tanto do folclore quanto da realidade.

Com maquiagens caprichadas para mortos-vivos, monstros e demônios, efeitos especiais um pouco mais ousados e a presença de Jackson Antunes, Francisco Gaspar e Clarissa Pinheiro no elenco, o filme custou R$ 630 mil, captados via Fundo Setorial da Ancine. Para se ter uma ideia, comédias brasileiras de sucesso tiveram orçamentos na casa dos R$ 5 milhões. No entanto, para quem produziu o longa de estreia com apenas R$ 50 mil, essa quantia representa uma evolução.

“Mata é meu primeiro longa com padrão técnico internacional, rodado com bom equipamento e luz correta. Os atores tiveram tempo para ensaiar. O orçamento muda muito a qualidade do filme”, comenta Aragão. Ele costuma dizer que “trash não é estilo, apenas falta de grana”.

 

 


QUINTAL Para quem começou filmando entre amigos no quintal de casa na vila de Perocão (um mangue, por sinal) com o dinheiro que tinha literalmente nas mãos, a evolução é fato. Em 2019, o diretor nascido em Guarapari vai lançar O cemitério das almas perdidas, épico sobre o livro mostrado em A mata negra. Com orçamento de R$ 2,1 milhões, será a maior produção do capixaba.

“A mata negra já teve boas cenas de ação, mas no próximo levaremos isso a outro nível. Tem sequências de batalha, cenas sobrenaturais. Usamos sistema de cabos, maquetes, cenografia mais elaborada”, adianta o cineasta. Em 2015, ele recebeu em sua vila de pescadores o mestre José Mojica Marins, o Zé do Caixão, que dirigiu e atua em uma das cinco tramas de As fábulas negras.

Rodrigo Aragão celebra o momento de destaque que o cinema de terror experimenta no Brasil. “Sabemos que o gargalo é grande. No Brasil, a maior dificuldade é a distribuição. Esse é meu primeiro filme com apoio oficial da Ancine (Agência Nacional do Cinema), estou muito feliz por finalmente chegar às salas comerciais. É um sonho antigo. O terror é um gênero com potencial incrível, as bilheterias internacionais mostram isso. Atualmente, a produção do cinema de gênero no Brasil vive uma fase sem precedentes, com muitos projetos, variados e bonitos. É o momento propício para encontrar e fortalecer o público”, argumenta.

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