Desde que Zé do Caixão lançou À meia-noite levarei sua alma, em 1964, o terror caminhou a passos lentos no cinema brasileiro. Nos últimos anos, porém, ele saiu das sombras graças à ousadia de jovens diretores.
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'A mata negra', filme de terror brasileiro, estreia em BH Teatro Oficina estreia peça de Chico Buarque com alusão às redes sociaisNelson Rodrigues volta à telona no filme O beijo no asfalto Kevin Hart não apresentará o Oscar após polêmica por tuites homofóbicosRodrigo Albert mostra fotografias e vídeo na exposição Terra prometidaEm 2018, chegaram às salas a história de lobisomem As boas maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra, estrelado por Marjorie Estiano e premiado nos festivais do Rio e de Locarno, na Suíça, e o thriller assustador Animal cordial, de Gabriela Amaral Almeida, com Murilo Benício.
O boom dos últimos anos inclui O rastro (2017), de J.C. Feyer, Motorrad, de Vicente Amorim, O nó do diabo (2017), dirigido por três cineastas da Paraíba e pelo mineiro Gabriel Martins, e Condado macabro (2015), de Marcos DeBrito e André de Campos Mello. Em breve, a lista terá Morto não fala, de Dennison Ramalho, com Daniel de Oliveira, e O juízo, de Andrucha Waddington, com Fernanda Montenegro e Lima Duarte.
Há mais de 10 anos na batalha, o capixaba Rodrigo Aragão acredita que chegou a vez de o Brasil e a América Latina se destacarem, até por seu potencial cultural. “O cinema de terror tem ciclos.
“O mercado internacional está sem ideias originais, o grande número de remakes prova isso, e a América Latina é um continente pouquíssimo explorado em suas lendas”, reforça Aragão. “O jovem de hoje tem uma vantagem sobre a minha geração: a democratização do equipamento, câmeras mais baratas, celulares que filmam em 4K”, afirma. E aconselha: “Cante sua aldeia e encantará o mundo. Quanto mais regional você for, mais universal será seu trabalho”.
IMITAÇÃO Aragão lembra que seus filmes sempre tiveram aceitação maior no exterior. “Muito por meu regionalismo, música, cenário.
O capixaba faz um alerta a quem pensa em filmes de terror e suspense apenas como carnificina cenográfica, com monstros e figuras apavorantes. “Fantasia é uma ótima maneira de fazer o público pensar em sua realidade”. Em seus filmes, ele aborda crimes contra o meio ambiente no Espírito Santo e também o extremismo religioso, muito presente em A mata negra. “Isso torna o cinema de gênero tão perseguido e, ao mesmo tempo, tão fascinante. Não é fácil de fazer: ou você sente medo assistindo ou não sente. Resumindo, não há meio-termo”, conclui.
NOVA SAFRA NACIONAL DE TERROR - PARA ASSISTIR E SE ARREPIAR:
As fábulas negras (2015)
De Rodrigo Aragão, José Mojica Marins, Joel Caetano, Peter Baiestorf e
Marcelo Castanheira
- Cinco contos de terror trazem histórias regionais do Brasil em versões assustadoras
O condado macabro (2015)
De Marcos DeBrito e André de Campos Mello
- . Turma de adolescentes aluga um sítio no interior, mas eles são surpreendidos por dois assaltantes. Na verdade, ameaça ainda pior está à espreita
O rastro (2017)
De J.C. Feyer
- . Em antigo hospital prestes a ser desativado, médico coordena a transferência dos pacientes, mas garota de 10 anos desaparece. Ao investigar o sumiço, ele descobre coisas proibidas
Motorrad (2017)
De Vicente Amorim
- . Motoqueiros em busca de aventura entram em trilha proibida cercada de belezas naturais, que esconde perigos mortais
O nó do diabo (2017)
De Ramon Porto Mota, Jhésus Tribuzi, Ian Abé e Gabriel Martins
- . Cinco contos de horror sobre segregação racial em uma fazenda ao longo de 200 anos
As boas maneiras (2018)
De Juliana Rojas e Marco Dutra
- . Grávida contrata funcionária para as tarefas domésticas. Enquanto a gestação avança, a empregada vai testemunhando comportamentos sombrios da patroa em noites de lua cheia.
Animal cordial (2018)
De Gabriela Amaral Almeida
- . Em um restaurante onde a relação entre patrão e empregados é conturbada, assalto abre o precedente para um thriller de violência
O segredo de Davi (2018)
De Diego Freitas
- . Jovem obcecado por filmar as pessoas se torna serial killer com motivações misteriosas
Morto não fala (2019)
De Dennison Ramalho
- . Plantonista de necrotério tem o dom paranormal de se comunicar com os mortos. A estranha habilidade evolui para níveis perigosos tanto para ele quanto para todos a seu redor
O juízo (2019)
De Andrucha Waddington
- . Trama de vingança e suspense remonta aos tempos da escravidão
(Ainda sem trailer)
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