Em certa época, o Eixo Monumental era praticamente uma passarela, onde carros desfilavam em alta velocidade no meio da cidade sem trânsito, quase deserta. Nos anos 1960, ganhou destaque a corrida automobilística 500km de Brasília, considerada uma das mais importantes do país.
A Capital Federal tinha cerca de 400 mil habitantes e as disputas chegaram a atrair 100 mil pessoas, que se deslocavam até a região da Rodoviária para assisti-las. Em 1967, tudo mudou na história de Brasília e do automobilismo nacional. A corrida ganhou um protagonista: o carro Patinho Feio.
Construído pelos amigos Alex Dias Ribeiro, Helládio Toledo, Zeca Vassalo e João Luis na improvisada oficina Camber, Patinho Feio foi fruto do sonho de participar dos 500km de Brasília. Com o prazo apertado de apenas 21 dias, o carro ficou pronto depois de muito improviso, poucos recursos e boa dose de disposição. Apesar de o quarteto ser tratado como “os meninos” por automobilistas, a criação do “bólido” foi um acontecimento.
Esse é o tema de O fantástico Patinho Feio, que está em cartaz no Pátio 7, às 19h, integrando o programa Projeta às 7, parceria da Cinemark com a Elo Company. Dirigido por Denilson Félix, o documentário foi premiado na 50ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2017.
“Contar essa história é uma obrigação cinematográfica e uma necessidade histórica. Esses quatro jovens, por tudo que fizeram e da forma como tudo ocorreu, estavam dentro de uma onda cósmica, daquela energia ímpar que assolou o mundo no ano de 1967”, diz Félix.
De acordo com ele, o documentário vai além de registrar fatos ocorridos em Brasília. “Nunca fui fã carros. Esse filme fala de sonho e de empreender. É como se dissesse: ‘Olha só, se você se dedicar muito, você pode conseguir’”, observa.
Mesclando imagens atuais – o carro ainda está intacto – e da época em que Patinho Feio foi construído, o documentário também aborda a paixão pelo automobilismo. “Toda a nossa energia foi para aquele carro, feito com muita dedicação e devoção. Viramos noites. Foi um negócio extraordinário para quatro moleques entre 16 e 18 anos”, conta Alex Dias Ribeiro, um dos construtores do automóvel.
O filme conta também com depoimentos de personalidades ligadas ao esporte, como o bicampeão mundial de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, o jornalista Reginaldo Leme e o historiador Roberto Nasser.