Vlad (Marcos Veras) é funcionário do setor de recursos humanos da Embelex, marca de cosméticos. Destrambelhado, ele se envolve com Aline (Rosanne Mulholland), a nova secretária do chefe. A imaturidade do rapaz, que tem poucas perspectivas e mora com os pais, é empecilho à vida do casal. Quando Vlad propõe uma confraternização de fim de ano como forma de driblar a crise da empresa, o êxito da festa se torna a oportunidade de mostrar à amada que pode ser bem-sucedido e responsável.
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Comédia francesa 'O poder de Diane, trata tabus com naturalidade Comédia sensível, 'Antes que eu me esqueça' reflete sobre o AlzheimerPaulo Cursino é o roteirista de comédias que caíram no gosto do brasileiroItália obriga filmes a estrear primeiro nos cinemasO humor, baseado principalmente na interação entre trabalhadores de diferentes universos de uma instituição, poderia ser eficaz, não fosse o mau desenvolvimento de Tudo acaba em festa, filme de André Pellenz, em cartaz nos cinemas de BH. O diretor é responsável por Gosto se discute (2017), com Cássio Gabus Mendes e Kéfera Buchmann, e pelo sucesso Minha mãe é uma peça (2013), com Paulo Gustavo.
Logo de cara, mesmo os espectadores menos rigorosos terão dificuldade em comprar a história, dado o inconsistente ponto de partida. Até os mais ingênuos poderão intuir que a simples “festa da firma” não será capaz de mediar conflitos entre a diretoria e seus empregados, em meio à iminente demissão em massa.
Ignorando a coerência, o enredo passa a acompanhar o esforço de Vlad para convencer funcionários de todos os setores a comparecer ao evento – do marketing aos motoristas, passando pelo suporte técnico. No ambiente familiar, o protagonista se contrapõe ao gêmeo (também vivido por Veras), pedante executivo do ramo tecnológico.
Por abordar todas as repartições de uma grande empresa, a história requer elenco numeroso. O grande problema, aqui, é que vários personagens têm pouco a dizer.
ESTAGIÁRIA Giovanna Lancelotti interpreta a caricata estagiária Priscilla, ingênua e com sotaque carregado do interior. Em uma das piores sequências, a personagem lembra que sua vida mudou depois de usar o óleo de amêndoas Embelex, que tornou liso seu cabelo rebelde. Mais tarde, a jovem ajuda os nerds do suporte técnico a se vestirem “bem” – ou seja, ignorar o próprio estilo e aderir a trajes de gala.
Clichês são recorrentes: atendentes de telemarketing só falam no gerúndio, evangélicos veem símbolos satânicos em todos os cantos e seguranças sempre são agressivos e maquiavélicos. Texto e direção não acompanham os personagens com potencial, a exemplo da gélida diretora de RH defendida por Maria Clara Gueiros, que não funciona em cena. As pouquíssimas boas piadas são mal-executadas num contexto absolutamente sem graça.
Tudo acaba em festa traz premissas razoáveis, outras terríveis, mas todas executadas sem esmero.