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Os crimes de Grindelwald estreia nesta quinta-feira com trama confusa pelo excesso de elementos


Quando lançou Animais fantásticos e onde habitam, em 2016, a Warner mostrou que, apesar dos sete romances adaptados para oito filmes, a criatividade da escritora J. K. Rowling não cabia apenas na trama protagonizada por Harry Potter. Dirigido por David Yates, o mesmo dos últimos quatro da série encerrada em 2013, o longa apresentou novos personagens em uma história que se passa 80 anos antes dos acontecimentos narrados na saga principal. O resultado foi um sucesso de público e crítica, premiado com um Oscar de melhor figurino, honra que a franquia Potter nunca conquistou.

Apostando nas possibilidades mágicas e monetárias desse universo que encanta milhões de entusiastas pelo planeta, o estúdio e o diretor dão sequência ao imaginário da escritora com Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald, que estreia nesta quinta-feira (15). O longa é uma sequência imediata do anterior, mas a aproximação com a trama de Harry Potter é bem maior. No entanto, o que poderia ser um trunfo junto aos fãs corre o risco de se tornar um fator de distanciamento do público que aprovou Animais fantásticos e onde habitam.

O roteiro – assinado pela própria Rowling – mistura drama, suspense, romance, comédia, os animais e seus efeitos especiais fantásticos, um grande mistério e elementos já conhecidos, como a escola de Hogwarts e o mago Alvo Dumbledore, 80 anos mais jovem e interpretado por Jude Law. Se a ideia era uma poção arrebatadora, o feitiço pode virar contra a feiticeira.

O vilão da vez é o maligno Grindelwald (Johnny Depp), revelado apenas nos instantes finais do longa anterior.
Mesmo antes de o filme sair, isso já se tornou um problema. Depp foi acusado de violência doméstica por sua ex, Amber Heard, o que motivou uma campanha de fãs por seu afastamento da franquia. Na época, Rowling defendeu a escolha de Depp para o papel, disse que “as denúncias deixaram todos consternados” e encerrou o assunto afirmando que, “com base em nosso entendimento do caso, estamos confortáveis com a presença dele no filme e felizes por ter Johnny Depp interpretando um dos protagonistas do filme”.

PARIS  Em cena, Grindelwald começa escapando da prisão e inicia uma nova jornada com o objetivo de libertar a sociedade mágica da repressão dos “trouxas” (nome dado a quem não é bruxo). Dessa vez, a história se passa na Europa, sobretudo em Paris, onde o misterioso e poderoso Creedence (Ezra Miller) está escondido. Embora sua grande importância seja revelada apenas no final, ele é o pivô da disputa entre Grindelwald e o tímido e atrapalhado protagonista Newt Scamander (Eddie Redmayne), designado para a missão por Alvo Dumbledore, que, por sua vez, alega “não ser capaz” de encarar o vilão, pela ligação que os dois tiveram no passado.

E aqui temos outra possível decepção para a legião de fanáticos pelo Mundo Mágico de Harry Potter. A autora da trama já declarou no passado que Dumbledore é gay, embora isso não apareça nos livros. Havia uma expectativa de que o novo filme, que mostra o poderoso bruxo em sua juventude, abordasse esse aspecto.
No entanto, não fica clara nenhuma relação entre ele e Grindelwald, além da amizade antes de se tornarem adversários.

Porém, o ator Ezra Miller declarou à revista britânica Total Film que, em sua opinião, há, sim, um posicionamento do filme em relação a isso. “Pessoalmente, acho que a sexualidade de Dumbledore é extremamente explícita neste filme. Quero dizer, em todos os lugares. Ele vê Grindelwald, que amava quando jovem, que ainda é o amor de sua vida, ele o enxerga no Espelho de Ojesed. O que o Espelho de Ojesed te mostra? Nada mais do que o seu desejo mais profundo. Se isso não é explicitamente gay, não sei o que é”, afirmou, antes de o filme ser lançado.

Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald apresenta detalhes sobre o passado de Dumbledore que podem ser empolgantes ou decepcionantes para os fãs mais entusiasmados da série, mas se tornam confusos para aqueles que têm menos intimidade com a franquia. Outro complicador é o fato de que a história em volta do carismático Scamander, seu irmão Theseus (Callum Turner) e Lila Lestrange (Zoe Kravitz), que é apenas citada no filme anterior, aparece agora com maior importância, além das irmãs bruxas Tina (Katherine Watterson ) e Queenie (Alison Sudol) e do trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler).

Os dois últimos vivem momentos de romance que entediam até mesmo o personagem principal em uma das cenas. E Nicolau Flamel (Brontis Jodorowsky) se envolve na trama, enganando o espectador sobre sua possível importância.
A série Animais fantásticos ainda tem previstos mais três longas, sob direção de Yates e com roteiro de J. K. Rowlling..