Quando lançou Animais fantásticos e onde habitam, em 2016, a Warner mostrou que, apesar dos sete romances adaptados para oito filmes, a criatividade da escritora J. K. Rowling não cabia apenas na trama protagonizada por Harry Potter. Dirigido por David Yates, o mesmo dos últimos quatro da série encerrada em 2013, o longa apresentou novos personagens em uma história que se passa 80 anos antes dos acontecimentos narrados na saga principal. O resultado foi um sucesso de público e crítica, premiado com um Oscar de melhor figurino, honra que a franquia Potter nunca conquistou.
Apostando nas possibilidades mágicas e monetárias desse universo que encanta milhões de entusiastas pelo planeta, o estúdio e o diretor dão sequência ao imaginário da escritora com Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald, que estreia nesta quinta-feira (15). O longa é uma sequência imediata do anterior, mas a aproximação com a trama de Harry Potter é bem maior. No entanto, o que poderia ser um trunfo junto aos fãs corre o risco de se tornar um fator de distanciamento do público que aprovou Animais fantásticos e onde habitam.
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Mostra Cinema e Direitos Humanos começa nesta sexta-feira em BH com entrada franca Safra de documentários sobre estrelas da MPB chega às telas em 2019'Entrevista com Deus' discute a fé e a fragilidade humana em encontro de repórter com o CriadorO vilão da vez é o maligno Grindelwald (Johnny Depp), revelado apenas nos instantes finais do longa anterior.
PARIS Em cena, Grindelwald começa escapando da prisão e inicia uma nova jornada com o objetivo de libertar a sociedade mágica da repressão dos “trouxas” (nome dado a quem não é bruxo). Dessa vez, a história se passa na Europa, sobretudo em Paris, onde o misterioso e poderoso Creedence (Ezra Miller) está escondido. Embora sua grande importância seja revelada apenas no final, ele é o pivô da disputa entre Grindelwald e o tímido e atrapalhado protagonista Newt Scamander (Eddie Redmayne), designado para a missão por Alvo Dumbledore, que, por sua vez, alega “não ser capaz” de encarar o vilão, pela ligação que os dois tiveram no passado.
E aqui temos outra possível decepção para a legião de fanáticos pelo Mundo Mágico de Harry Potter. A autora da trama já declarou no passado que Dumbledore é gay, embora isso não apareça nos livros. Havia uma expectativa de que o novo filme, que mostra o poderoso bruxo em sua juventude, abordasse esse aspecto.
Porém, o ator Ezra Miller declarou à revista britânica Total Film que, em sua opinião, há, sim, um posicionamento do filme em relação a isso. “Pessoalmente, acho que a sexualidade de Dumbledore é extremamente explícita neste filme. Quero dizer, em todos os lugares. Ele vê Grindelwald, que amava quando jovem, que ainda é o amor de sua vida, ele o enxerga no Espelho de Ojesed. O que o Espelho de Ojesed te mostra? Nada mais do que o seu desejo mais profundo. Se isso não é explicitamente gay, não sei o que é”, afirmou, antes de o filme ser lançado.
Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald apresenta detalhes sobre o passado de Dumbledore que podem ser empolgantes ou decepcionantes para os fãs mais entusiasmados da série, mas se tornam confusos para aqueles que têm menos intimidade com a franquia. Outro complicador é o fato de que a história em volta do carismático Scamander, seu irmão Theseus (Callum Turner) e Lila Lestrange (Zoe Kravitz), que é apenas citada no filme anterior, aparece agora com maior importância, além das irmãs bruxas Tina (Katherine Watterson ) e Queenie (Alison Sudol) e do trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler).
Os dois últimos vivem momentos de romance que entediam até mesmo o personagem principal em uma das cenas. E Nicolau Flamel (Brontis Jodorowsky) se envolve na trama, enganando o espectador sobre sua possível importância.