Desassociar Nova York dos arranha-céus de Manhattan é tarefa quase impossível para um turista. Por outro lado, em algumas das principais metrópoles brasileiras, construções como o Copan, em São Paulo, o Palácio Capanema, no Rio, ou o edifício Niemeyer, popularmente conhecido como ‘Belo Horizonte’, na capital mineira, por vezes passam despercebidos pelos moradores, na correria cotidiana.
Não é esse o caso do diretor gaúcho Fabiano Maciel. O estilo modernista dessas construções, onipresente em Brasília desde a planta inicial, é tema de seu próximo documentário. Com filmagens recém-iniciadas, Quando o Brasil era moderno vai tentar mostrar que, apesar das novas possibilidades tecnológicas e dos recursos digitais do século 21, na arquitetura brasileira é preciso olhar para o passado para se encontrar o moderno.
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Anti-herói combate a corrupção no Brasil em 'O Doutrinador"Terceiro filme de 'Animais Fantásticos' pode ser filmado no BrasilDocumentário My name is now revela trajetória difícil de Elza Soares na carreira musicalArquiteto Carlos M. Teixeira reflete sobre espaços contemporâneos a partir da arquitetura informalCom roteiro assinado por Lauro Cavalcanti, a ideia do filme é mostrar como os traços modernistas mudaram a imagem do Brasil. “Existia um projeto de país pensado pelos modernistas, que começou a ser consolidado nos anos 1930, durante o Estado Novo.
LABORATÓRIO
As filmagens começaram em Brasília, na última semana. As locações ainda incluirão São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Niterói e Missões, no Rio Grande do Sul, por causa do Museu das Missões, projetado por Lúcio Costa. O interior de Minas Gerais também aparecerá, com Ouro Preto e Diamantina representando cenários do estilo colonial, e Cataguases, considerada por Fabiano Maciel “um caso único”. Segundo ele, o município na Zona da Mata é “quase um laboratório do modernismo brasileiro”, com pelo menos 200 construções modernas de vários arquitetos, incluindo Niemeyer, que projetou, por exemplo, o Colégio Cataguases. A obra conta com um jardim projetado por Roberto Burle Max e um mural de Cândido Portinari.
A capital do estado merece destaque especial, na visão do diretor.
Utilizando drone, que, segundo ele, “faz mais o papel de grua, para acessar lugares onde não conseguiríamos chegar”, e câmera convencional, a equipe de filmagem esteve na Casa do Baile, na Casa JK e também no Museu de Arte da Pampulha, onde presenciou uma situação que ilustra bem a relação atual do país com suas próprias obras.
“Duas excursões de turistas da Suécia foram até lá, e eles ficaram decepcionados, porque estava fechado (o museu não abre às segundas). São pessoas que admiram a arte e vieram aqui por isso. Ninguém vem ao Brasil para ver shopping center ou para ver os prédios da Savassi ou dos Jardins. Vêm para ver Niemeyer e Brasília. É algo que deixou uma marca.
O diretor entende que a arquitetura modernista não esteve apenas nos hospitais, rodoviárias, cinemas, lojas, restaurantes erguidos na época em que o Brasil acelerava sua urbanização, mas também no mobiliário, no design gráfico e em outras áreas criativas. “Os pilares do Brasil até o golpe de 1964 foram determinados nos anos 1930. Muito do que os conservadores tentaram acabar são avanços daquele período. E, curiosamente, estamos em outro momento conservador e, apesar de termos ainda bons arquitetos, o que a se vê construído hoje no Brasil é medíocre”, afirma Maciel.
Além das gravações das obras modernistas em sua condição atual, o documentário incluirá imagens de arquivo e entrevistas com especialistas e arquitetos do Brasil e do exterior. A duração deve ser de aproximadamente uma hora e meia. O objetivo do diretor é ter Quando o Brasil era moderno selecionado pelo Festival de Brasília em 2019, que abrigaria sua primeira exibição pública. A estreia nos cinemas está prevista para 2020, ano em que o Rio de Janeiro receberá o Congresso Internacional de Arquitetura.