Filme 'Podres de ricos' diverte e abre espaço para atores de origem asiática nas telonas

Jovem sino-americana descobre que o namorado é herdeiro de uma grande fortuna nessa comédia, que chega nesta quinta (25) aos cinemas brasileiros

por Walter Felix 25/10/2018 13:00

Warner/Divulgação
Comediantes Ken Jeong e Awkwafina estão no elenco (foto: Warner/Divulgação)
Em 1995, durante uma tempestade, a matriarca da família Young chega com seus dois filhos a um luxuoso hotel em Londres. Mesmo dizendo ter reservado a suíte mais luxuosa do local, Eleanor (Michelle Yeoh) é aconselhada pelo gerente a procurar abrigo na Chinatown inglesa. Basta um telefonema para que o dono do estabelecimento apareça e anuncie que o complexo hoteleiro foi vendido e pertence, agora, àquela chinesa que acaba de ser discriminada.

O prólogo dá o tom da comédia Podres de ricos, do cineasta Jon M. Chu, baseado no livro Asiáticos podres de ricos, de Kevin Kwan, que chega nesta quinta (25) às salas brasileiras. Mas a mocinha da história só dá as caras em seguida, após um salto da narrativa para os dias atuais. Rachel (Constance Wu) é uma jovem nova-iorquina de origem chinesa que desconhece os parentes do namorado, Nick Young (Henry Golding). Quando ele anuncia que seu melhor amigo está de casamento marcado, convida a jovem professora de economia para ir a Cingapura. Além de acompanhá-lo na cerimônia, ela teria a chance de conhecer a família do namorado.

Aos poucos, Rachel descobre que os Young não são exatamente como ela imaginava. Na cidade natal do amado – conhecida justamente pela população endinheirada –, a heroína se depara com um mundo de luxo e soberba a que não está habituada. Ela terá que enfrentar as ex-pretendentes do rapaz, que se atracam para fisgar o herdeiro de uma grande fortuna. Mas nenhum empecilho a ameaça tanto quanto a reprovação de sua futura sogra, uma ricaça imponente e ligada às tradições locais.

 

Vítima de xenofobia na primeira cena, Eleanor replica em Rachel o mesmo histórico de rejeição que sofreu no passado. Ela abomina a ideia de que sua nora venha dos EUA, onde as pessoas “só pensam na própria felicidade”, segundo suas palavras. No passado, em nome da família, a matriarca abandonou os estudos para se dedicar ao marido e aos filhos. Seu passado abnegado é um contraponto à independência e à modernidade norte-americanas exaladas por Rachel. Para acirrar o embate, a mocinha cai nas graças de Ah Ma (Lisa Lu), avó de Nick, que torce o nariz para Eleanor.

 

Assista ao trailer:

 


GRANDIOSA Podres de ricos é uma comédia leve, que não cansa o espectador mesmo com a longa duração – se comparada a outras produções do gênero. Contada em 2 horas, a história também tem elenco numeroso. A família de Nick conta ainda com um excêntrico diretor de cinema em Taiwan, um businessman que vive em Hong Kong e uma delicada executiva de Xangai, além de seus respectivos parceiros, agregados e demais amigos dos protagonistas.

É certo que um elenco mais enxuto, com menos subtramas e personagens, faria bem à produção. Em especial, destoa do restante do filme o núcleo de amigos de Rachel em Cingapura, liderado pelos comediantes Awkwafina (Oito mulheres e um segredo) e Ken Jeong (Se beber, não case). Neste outro clã – menos rico e interessante que o principal –, surgem tipos inverossímeis e caricatos, com piadas pouco sutis e interpretações fora do tom.

Um dos acertos do longa, em contraponto, é o fato de reunir basicamente atores de origem asiática, ainda que a produção seja norte-americana. Dessa forma, o diretor Jon M. Chu (descendente de orientais) ressalta a importância da representatividade, tão cara aos nossos dias. Até hits ocidentais Money (That’s what I want), sucesso com os Beatles; Material girl, de Madonna; e Yellow, da banda Coldplay – ganham versões em chinês na trilha sonora.

A produção ainda contempla a cultura de Cingapura, destacando as belezas naturais e apresentando um belo retrato das tradições e dos deslumbrantes eventos orquestrados pelas famílias mais abastadas da região. Não à toa, Podres de ricos encantou o público norte-americano, liderando as bilheterias em sua semana de estreia. Com faturamento superior a US$ 26 milhões, é a comédia romântica com o melhor lançamento desde Descompensada (2015), com Amy Adams, e já se estima que uma continuação chegará aos cinemas nos próximos anos.

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