Com o tema verbo político, o festival apresenta 31 filmes de quatro países (Brasil, Argentina, Chile e Cuba), que foram divididos em cinco mostras competitivas. “Uma pergunta norteou essa edição: como as imagens e o cinema vão captar o momento político que a gente vive? O quê o cinema e audiovisual deram conta de registrar? O que a gente está produzindo hoje. Daqui a dez anos ao olhar para trás o cinema conta do momento político”, afirma a professora do curso de cinema do Centro Universitário Una e coordenadora de produção, Mariana Mól.
O festival abre edital para todas as Américas. Podem ser inscritos curtas-metragens com até 30 minutos de duração, produzidos por cursos universitários e escolas livres de cinema. Nesta edição, foram enviados 274 trabalhos de quatro países. Foram selecionados 31 filmes. Desse total, 25 participam das cinco mostras competitivas: encontro, política e mundos plurais; do lugar as margens sociais; lutas e representatividade; corpos e afetos. Ainda são realizadas as mostras Palavras de desordem: cinema político latino-americano e Mostra do tempo e memória.
O tema verbo político indica a política na dimensão da ação, do fazer do dia a dia e da experiência. “A posição política nas relações de identidade, direitos humanos, inclusive questões pontuais momento político e eleitoral. A política está em tudo e é da ação, mas sem viés eleitoral”, completa.
O festival apresenta panorama da produção das principais escolas de cinema das Américas, o que está sendo experimentado em termos de linguagem, bem como as temáticas que levam os jovens produtores a refletir. Um exemplo dessa produção é o curta-metragem Memorándum, de Jennifer Lara da Universidad Mayor do Chile. Com proposta experimental, o filme mostra maternidade abandonada, que, no período da ditadura militar chilena, as crianças eram retiradas das mães e colocadas para adoção. “O filme é um passeio por aquele espaço abandonado. Discute a questão política da década de 1960 fazendo uma conexão com os dias de hoje”, ressalta.
Nessa mostra, a aluna de cinema do Centro Universitário Una Josiane Santos mostra as formas de ser mulher no filme Diversas. “O filme apresenta a postura feminina de maneira ampla e diversa. Faz a discussão sobre a pluralidade de gêneros. Fala da política de as pessoas serem o que se identificam”, ressalta Mariana. Para Josiane, o festival é oportunidade para que os estudantes possam mostrar a produção em ambiente em que os filmes podem ser discutidos e debatidos. Ela destaca também a importância dos festivais para a formação de público.
Em Diversas, Joseane apresenta três mulheres com vivências distintas entre si. “Uma delas é uma mulher negra, que desconstrói o discurso militância, uma outra mulher que participa da militância e uma terceira, com sobrepeso, que está no processo para fazer a cirurgia bariátrica”, afirma. O filme mostra as mulheres no espaço urbano, para refletir como as mulheres podem ser tornar objetos nos espaços públicos. “Mostramos como o urbano nos trata como objetos. E como respondemos por meio de cartazes, frases e lambs”, completa.
IGUALDADE DE GÊNERO A hashtag #metoo sintetiza movimento por igualdade de condições entre homens e mulheres em Hollywood, a maior indústria cinematográfica do mundo. Série de escândalos de abuso e assédio sexual colocou em alerta os sets de filmagem de todo o planeta. Entre os acusados, estava um dos produtores de cinema mais poderosos do mundo, Harvey Weinstein, cofundador da Miramax e da The Weinstein Company.
Na quinta-feira (27), o Lumiar realiza o debate Como combater o assédio no set, com a diretora da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Débora Ivanov, a coordenadora do projeto de extensão Pretança da Una, Tatiana Carvalho Costa e Luana Melgaço, da produtora Anavilhana. “A mesa dá luz a essa discussão que é de vanguarda no cinema”, afirma Joana Oliveira.
A proposta da mesa é discutir como as produtoras de cinema podem criar regulamentação que impeça o assédio nos sets. “Queremos mostrar que o assédio pode ser punido não só legalmente, mas também de forma contratual nos projetos. Depois do Mee too, já é realidade colocar essas barreiras nos contratos”, diz a coordenadora do curso de cinema do Centro Universitário Una, Joana Oliveira. O movimento luta para que as formas de assédio sejam nomeadas, tipificadas e passem a fazer parte dos códigos de conduta das produtoras.
5º Lumiar – Festival Interamericano de Cinema Universitário
Sexta – 19 de outubro
14h-16h30 - curso Uma outra história do Terceiro Cinema: descolonização e invenção de formas no cinema latino-americano, com Victor Guimarães
17h - Mostra Palavras de desordem: cinema político latino-americano (1968-1982)
-Desmanchar a palavra | LBJ, de Santiago Álvarez (Cuba, 1968)
-Liber Arce, Liberarse, de Mario Handler (Uruguai, 1969)
- Porta de Fogo, de Edgard Navarro (Brasil, 1982)
- Las AAA son las tres armas, de Grupo Cine de la Base (Argentina, 1975)
- Declaração em retrato, de Anna Bella Geiger (Brasil, 1974) | 80’
19h30 - Sessão de abertura
- O quinto, de Lucas Vieira e Montívia (MG, 2018) %2b Filme convidado Olhos de Inaiá, de Marco Antônio Gonçalves Jr
Cine Humberto Mauro. Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro
Veja toda programação em una.br/lumiarfestival
22h - Festa de abertura, com Os Diplomatas e DJ Confusa. Gruta. Rua Pitangui, 3.613, Horto. Ingressos: a R$5 (até 00h30) e R$10 (depois 00h30)