Será a mostra das grandes comemorações: 20 anos de Central do Brasil, de Walter Salles; 30 anos de Asas do desejo, de Wim Wenders, e Feliz ano velho, de Roberto Gervitz; 50 anos de O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, e O bravo guerreiro, de Gustavo Dahl; 200 anos de Karl Marx, com vários filmes. Até 31 de outubro, a 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo trará todo o ouro do mundo: os vencedores dos festivais de Cannes (Assunto de família, de Hirokazu Kore-eda); Berlim (Não me toque, de Adina Pintilie); Locarno (Uma terra imaginada, de Siew Hua Yeo); e Veneza (Roma, de Alfonso Cuarón).
Estarão em cartaz 300 filmes em 31 pontos de exibição – 70 brasileiros e 30 latino-americanos. Como sempre, o festival abre uma janela para as novas tendências do cinema mundial. Renata de Almeida, que organiza a festa, observa que há o forte compromisso com a palavra – do cartaz de Laurie Anderson, que inspira a vinheta, à grande exposição em realidade virtual, Chalkroom.
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O compromisso com o novo leva à suprema inovação – um aplicativo que, além de trazer a programação completa e atualizada, com notícias em tempo real, permitirá a compra de credenciais digitais e de ingressos.
TRUMP
Como contribuição ao debate sobre o ódio que nos dilacera, Spike Lee propõe Infiltrado na Klan – o filme evoca os anos 1970 e, no desfecho, chega a 2017 com os eventos sangrentos de Charlottesville, que expõem a Era Donald Trump.
A política e o ódio atravessam a programação com Amos Gitai (Carta para um amigo em Gaza) e Lars von Trier (A casa que Jack construiu).
Como contribuição para um mundo melhor, a 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo mantém as premiações honorárias. O Prêmio Humanidade será atribuído ao japonês Kore-eda e ao brasileiro Drauzio Varella. O iraniano Jafar Panahi, confinado em seu país, será homenageado com a exibição de seu (talvez) melhor filme, 3 faces, e com o Prêmio Leon Cakoff.
OSCAR
Também serão exibidos 19 pré-indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro. São eles: O Grande Circo Místico, de Carlos Diegues (Brasil), Guerra fria, de Pawel Pawlikowski (Polônia), Peregrinação, de João Botelho (Portugal), A árvore dos frutos selvagens, de Nuri Bilge Ceylan (Turquia), Uma mulher em guerra, de Benedikt Erlingsson (Islândia), Em chamas, de Chang-Dong Lee (Coreia do Sul), O intérprete, de Martin Sulík (Eslovênia), Assunto de família, de Hirokazu Koreeda (Japão), Capernaum, de Nadine Labaki (Líbano), Culpa, de Gustav Möller (Dinamarca), Eu não me importo se entrarmos para a história como bárbaros, de Radu Jude (Romênia), El Ángel, de Luis Ortega (Argentina), Túmulos sem nome, de Rithy Pahn (Camboja), Gutland, de Govinda van Maele (Luxemburgo), Yomeddine, de A. B. Shawky (Egito), O ingrediente secreto, de Gjorce Stavreski (Macedônia), Malila: A flor do adeus, de Anucha Boonyawatana (Tailândia), Roma, de Alfonso Cuarón (México) e A valsa de Waldheim, de Ruth Beckermann (Áustria).
DESTAQUES
A árvore dos frutos selvagens
O júri de Cannes preferiu Hirokazu Kore-eda, com Shoplifters, mas o turco Nuri Bilge Ceylan dirigiu uma obra-prima. Uma família, o filho pródigo. Ele é tão revoltado que recorre a dois imames para tentar entender o pensamento do Profeta.
Domingo
Na ficção de Fellipe Barbosa e Clara Linhart, Lula é candidato em 2003, mas é difícil não pensar no Brasil de 2018.
Guerra fria
O polonês Pawel Pawlikowski se inspira em seu pai e sua mãe para contar a história de um casal que não consegue viver juntos nem separados.
Como Fernando Pessoa salvou Portugal
Uma joia de curta-metragem, dirigida por Eugène Green. O belo Carloto Cotta, como o poeta, salva seu país da ditadura do mercado.
Imagem e palavra
Godard e o estado do cinema em 2018. Sob os olhos do Ocidente, o mundo árabe, a guerra, os paraísos perdidos.
Infiltrado na Klan
Policial negro cria persona (branca) para se infiltrar na Klu Klux Klan. Spike Lee expõe o racismo na América.
Leto/Verão
Triângulo amoroso sobre fundo de rock na Perestroika. O diretor Kirill Serebrennikov está preso sem provas na Rússia.
Trem das vidas
Filme de Paul Vecchiali. Um só ângulo dentro de um vagão, as viagens de Angélica – uma mulher diante da vida, do amor e da morte.