Na noite em que venceu eleições livres e democráticas para a Presidência da República Oriental do Uruguai, José “Pepe” Mujica viu uma multidão exultante tomar conta da avenida que margeia o Rio da Prata, em Montevidéu, empunhando bandeiras dos partidos que formam a Frente Ampla, pela qual foi eleito.
Era 2009 e Pepe, ex-guerrilheiro Tupamaro, estava com 74 anos. Encarando o mar de gente, ele tomou o microfone e disse: “Custou-me uma vida inteira entender que o poder reside no coração das massas”.
Capturados pela repressão após uma ousada ação que atingiu (mortalmente) o círculo mais próximo do regime, Pepe, Huidobro e Rosencof se tornaram “reféns” da ditadura. Eram a moeda de troca com a qual os militares mantinham os tupamaros inertes. Um novo atentado, e os “reféns” seriam executados.
TORTURA Em Memorias del calabozo (Memórias do calabouço), Rosencof relata os 12 anos em que foram alvos de distintos métodos de tortura – privados de todo contato ou interação com outros prisioneiros, da luz do sol, de espaço para se mover, de comida suficiente, do acesso a instalações sanitárias. É nesse livro que Brechner baseou seu filme. Como alguém sobrevive 12 anos em condições assim? Eis a interrogação que o diretor faz.
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É na voz dela que Pepe ouve a divisa segundo a qual “só sai derrotado quem entrega os pontos”. Assim como Os invisíveis, Uma noite de 12 anos é uma ode à resistência à barbárie e um elogio ao apego àquilo que há de mais humano em nós. .