A pergunta: “Não consigo aguentar o calor. Está quente demais naquele espaço. O que devo usar para tornar mais suportável?” A resposta: “Relaxe por um momento. Se você realmente quer se matar, gaste tempo planejando de forma apropriada para não acabar, por exemplo, queimando a si mesmo até a morte.”
No fim da manhã de 26 de julho de 2006, intensa troca de mensagens tomou conta de um fórum on-line sobre suicídio. Em Porto Alegre, Vinicius Gageiro Marques, de 16 anos, sozinho em casa, tentava acabar com sua vida. Havia colocado no banheiro duas grelhas – a intenção era morrer intoxicado por monóxido de carbono. Ele ia e voltava ao computador, pedindo ajuda aos internautas.
Houve respostas diversas – algumas pedindo que parasse; outras o estimulando a continuar. Observando o movimento on-line, uma amiga de Vinicius ligou do Canadá para a polícia de Toronto avisando o que estava ocorrendo. Esta avisou à polícia gaúcha. Quando o serviço médico chegou ao apartamento, não havia nada a ser feito. Vinicius estava morto.
A morte de Vinicius foi um dos primeiros casos de suicídio assistido via internet no Brasil. Além da tragédia em si, o caso tomou proporções maiores por causa do histórico do adolescente. No mundo virtual, Vinicius era o cantor e compositor Yonlu. Fã de Radiohead, Vitor Ramil e Mutantes, ele deixou uma obra póstuma: 60 canções muito pessoais, em inglês, que foram editadas em disco, Yonlu (2007), pelo selo brasileiro Allegro Discos, e A society in which no tear is shed is inconceivably mediocre (2009), pelo nova-iorquino Luaka Bop, de David Byrne.
Agora essa história chega ao cinema. Yonlu, que estreia nos cines Belas Artes e Ponteio, longa-metragem de Hique Montanari, recupera a história do garoto para além de uma cinebiografia convencional. Mesclando live action e animação, o diretor busca fazer um retrato poético e fragmentado do adolescente Vinicius.
Montanari usou músicas e desenhos do material deixado por ele. Até os diálogos vieram da vida real. Mas o resultado não é realista. Fragmentos da história do menino, em ritmo de videoclipe, vão remontando a tragédia. O ator Thalles Cabral (Vinicius/Yonlu) está quase o tempo todo em cena.
“Contar a história dessa maneira ficou mais verossímil e condizente com o personagem-título”, diz Montanari. Além de recuperar a história de Yonlu 14 anos (e tantas tragédias da internet) depois, o filme, na opinião do diretor, abre espaço para o debate sobre o suicídio. “Tem que se falar sobre isso, bem como o uso indiscriminado da internet. O filme não demoniza a internet, mas o conteúdo com que ela é alimentada.”
Thalles Cabral não só interpreta Yonlu, como canta músicas com ele (em inglês). A ideia foi tornar as duas vozes em uma só. Para o ator, o desafio maior foi interpretar um personagem “sem julgamentos ou qualquer tipo de clichê.”
No fim da manhã de 26 de julho de 2006, intensa troca de mensagens tomou conta de um fórum on-line sobre suicídio. Em Porto Alegre, Vinicius Gageiro Marques, de 16 anos, sozinho em casa, tentava acabar com sua vida. Havia colocado no banheiro duas grelhas – a intenção era morrer intoxicado por monóxido de carbono. Ele ia e voltava ao computador, pedindo ajuda aos internautas.
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A morte de Vinicius foi um dos primeiros casos de suicídio assistido via internet no Brasil. Além da tragédia em si, o caso tomou proporções maiores por causa do histórico do adolescente. No mundo virtual, Vinicius era o cantor e compositor Yonlu. Fã de Radiohead, Vitor Ramil e Mutantes, ele deixou uma obra póstuma: 60 canções muito pessoais, em inglês, que foram editadas em disco, Yonlu (2007), pelo selo brasileiro Allegro Discos, e A society in which no tear is shed is inconceivably mediocre (2009), pelo nova-iorquino Luaka Bop, de David Byrne.
Agora essa história chega ao cinema. Yonlu, que estreia nos cines Belas Artes e Ponteio, longa-metragem de Hique Montanari, recupera a história do garoto para além de uma cinebiografia convencional. Mesclando live action e animação, o diretor busca fazer um retrato poético e fragmentado do adolescente Vinicius.
Montanari usou músicas e desenhos do material deixado por ele. Até os diálogos vieram da vida real. Mas o resultado não é realista. Fragmentos da história do menino, em ritmo de videoclipe, vão remontando a tragédia. O ator Thalles Cabral (Vinicius/Yonlu) está quase o tempo todo em cena.
“Contar a história dessa maneira ficou mais verossímil e condizente com o personagem-título”, diz Montanari. Além de recuperar a história de Yonlu 14 anos (e tantas tragédias da internet) depois, o filme, na opinião do diretor, abre espaço para o debate sobre o suicídio. “Tem que se falar sobre isso, bem como o uso indiscriminado da internet. O filme não demoniza a internet, mas o conteúdo com que ela é alimentada.”
Thalles Cabral não só interpreta Yonlu, como canta músicas com ele (em inglês). A ideia foi tornar as duas vozes em uma só. Para o ator, o desafio maior foi interpretar um personagem “sem julgamentos ou qualquer tipo de clichê.”