A multidão tenta fugir, sem saber como, da brutalidade dos soldados. Na escadaria em Odessa, uma mulher é atingida por uma bala. A seu lado está o filho, bebê, num carrinho. Ela se ajoelha ferida e não consegue mais segurar o carrinho, que sai, desgovernado, pela longa escadaria. Em seu caminho, a cada novo degrau, ele só vai encontrar pessoas mortas.
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De hoje até a próxima segunda-feira (27), serão exibidos oito longas e quatro curtas. Além das obras do realizador, a programação traz ainda o filme Que viva Eisenstein! 10 dias que abalaram o México (2015), do britânico Peter Greenaway.
Nascido em Riga, Letônia, na mesma época que o próprio cinema, Eisenstein dirigiu três dezenas de filmes – sua obra foi realizada durante a implantação da revolução socialista na Rússia a partir de 1917. Alvo de inúmeros estudos e análises, a obra do diretor é determinada pela montagem (para ele muito mais importante do que a filmagem). A montagem, no cinema de Eisenstein, remete a outros códigos. Desta maneira, ele leva o cinema à esfera das ideias.
“A montagem vai consolidar o cinema, então uma arte nova, como uma forma de arte. Ele considera a montagem o grande momento da filmagem”, afirma o curador da mostra, Vítor Miranda. De acordo com ele, a seleção priorizou as cópias de melhor qualidade. “Eisenstein é matéria obrigatória nos cursos de cinema, mas poucas pessoas têm, de fato, oportunidade para sentar numa sala e assistir aos filmes com qualidade. Pois os filmes de Eisenstein são difíceis, mudos, de formação e poder exibi-los no cinema de uma forma pedagógica, permitindo a experiência completa, é muito importante.”
Além de Potemkin, filme que dramatiza uma rebelião ocorrida em 1905, onde os tripulantes do navio de guerra se rebelaram contra seus superiores, o recorte da mostra ainda traz títulos bem conhecidos do realizador. No curta A greve (1925), o suicídio de um operário acusado injustamente de roubo detona uma greve em uma fábrica. Os dois filmes foram realizados na primeira fase da obra de Eisenstein.
ABORTO Na abertura da mostra serão apresentados em sequência quatro curtas, alguns deles pouco exibidos. Entre eles, o curador destaca, está Miséria e fortuna de uma mulher (1929), filme que trata do aborto. “Trata de questões socioeconômicas ao mostrar as diferenças de uma mulher pobre e uma rica fazendo aborto”, comenta Miranda.
Outros destaques da mostra são o longa Outubro (1928), documentário que celebra a primeira década da Revolução Russa. Já em O velho e o novo (1929), o diretor destaca uma das primeiras lideranças revolucionárias femininas, a camponesa Marta.
Como programação complementar à da mostra, a série História Permanente do Cinema, exibida às quintas, às 17h, terá o longa Partner (1968), de Bernardo Bertolucci. A narrativa é baseada no romance O duplo (1846), de Fiódor Dostoievski.
PROGRAMAÇÃO
De hoje a 27 de agosto, no Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Entrada franca. Programação completa em www.fcs.mg.gov.br
» Hoje
• 17h – Curtas O diário de Glomov (1923); Miséria e fortuna de uma mulher (1929); Romance sentimental (1930); O desastre em Oaxaca (1931)
• 18h30 – Longa Outubro (1928)
• 21h – Longa A greve (1925)
» Amanhã
• 17h – Longa O velho e o novo (1929)
• 19h15 – Longa O encouraçado Potemkin (1925)
• 21h – Longa Alexandre Nevsky (1938)