Um dos mais interessantes registros da história recente do país, o documentário O processo, de Maria Augusta Ramos, está disponível a partir de hoje nos principais serviços de compra e aluguel de filmes via streaming (Now, Vivo Play, iTunes, Play Store e OiPlay). Lançada em maio nos cinemas brasileiros, a produção registra os bastidores das movimentações que levara ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
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Crítica: 'O processo' expõe atores e papéis no teatro político do impeachment de DilmaRetrato do impeachment de Dilma Rousseff, 'O processo' chega aos cinemasDocumentário sobre queda de Dilma é exibido no Festival de Berlim'Excelentíssimos' registra bastidores antes e durante o impeachment de Dilma Rousseff'Queermuseum' desafia 'censura' com mostra aos pés do Cristo no RioAo longo de mais de duas horas, o filme faz um apanhado, em ordem cronológica, dos acontecimentos que culminaram na saída de Dilma da presidência, em 31 de agosto de 2016, sob acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal. Relativamente longo para a média de produções do gênero, os 137 minutos de duração acabam sendo um exercício de síntese, já que a diretora e equipe acumularam 450 horas de material filmado.
O processo não apresenta entrevistas ou narrações e evita intervenções dos realizadores no desdobrar da história. Espécie de pot-pourri de como se deu o impeachment, a produção faz um apanhado do que houve de mais expressivo no período que abarca o afastamento de Dilma do cargo até a posse do atual presidente, Michel Temer.
Ainda que tenha sido um acontecimento amplamente mediatizado, com votações na Câmara dos Deputados e no Senado transmitidas ao vivo pela TV e internet, muito do que é visto no filme é material inédito. Isso porque, além dessas imagens já bastante conhecidas, O processo traz diversos registros de bastidores, em salas de reunião e corredores do Congresso Nacional. Mesmo que a ex-presidente esteja no cerne do filme, quem mais se vê em tela são figuras como o advogado José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa de Dilma no processo, e os senadores petistas Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, além da jurista Janaína Paschoal, advogada de acusação.
"Não foi permitido o acesso que gostaria de ter tido a alguns parlamentares", diz Maria Augusta a respeito da menor presença em tela dos que defendiam a saída da presidente. Até pela inexistência de grandes novidades, o principal trunfo de O processo não é trazer fatos novos, mas condensar e registrar eficientemente um evento longo e cheio de nuances. Mesmo sem esforço de didatismo para explicar os aspectos mais técnicos debatidos pela defesa e acusação, a narrativa é clara e acessível. A poucos meses das eleições, a chegada do filme é uma válida imersão nos bastidores do poder em Brasília.