O título anuncia: Belo Horizonte, 67 anos. As imagens em preto e branco mostram a casa do Museu Abílio Barreto e, em seguida, tomadas aéreas de um Centro bem menos verticalizado do que o atual. Para contextualizá-las, ouve-se na voz de Cid Moreira: “Ao findar-se o século passado, essa casa era sede de uma velha fazenda, igual a muitas existentes por todo o estado. Curral del Rey era seu nome. Era difícil prever que aqui iria nascer Belo Horizonte. E em menos de sete décadas, a cidade estourou todos os limites, subiu em arranha-céus, estendeu-se para todos os lados, juntou 1 milhão de habitantes e ninguém ousa predizer até onde irá em sua grande e porfiosa arrancada progressista”.
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Produzidos entre os anos 1920 e 1970 sob encomenda do poder público ou de empresas privadas, os cinejornais mostravam as novidades da cidade. São de grande valor histórico para quem se interessa pelo desenvolvimento do espaço urbano, como o grupo de pesquisa interdisciplinar sobre patrimônio cultural Estopim, da UFMG, responsável pela Horizonte em foco.
“A proposta gira em torno de colocar o acervo do museu à disposição do público e propor discussões da nossa seara da conservação do patrimônio público. Abordaremos a construção da cidade e a transformação do espaço urbano documentadas nos cinejornais”, afirma o professor da Escola de Ciência da Informação da UFMG Luiz Henrique Garcia.
TRÓLEBUS Hoje e na próxima sexta, serão exibidos no MIS 10 cinejornais que documentam, por exemplo, a inauguração do trólebus de Santa Tereza pelo prefeito Aminthas de Barros, nos anos 1960, a construção da Avenida Cristiano Machado e o alargamento de outras vias, como Antônio Carlos e Prudente de Morais, além do crescente carnaval de rua da cidade – de 50 anos atrás.
“Questões de abastecimento, estrutura urbana, infraestrutura, todas são urgentes hoje, porque a forma como a cidade lida com elas ainda deixa a desejar. Esses materiais lançam uma luz do passado para o presente, mostram a importância da preservação do patrimônio cultural feita pelo MIS”, diz Garcia. Após a exibição dos cinejornais, haverá debate entre público e convidadas. Uma delas é a historiadora Isabel Beirigo, responsável pelo processamento técnico do acervo audiovisual do MIS.
“O material audiovisual permite ver o momento em movimento. Na fotografia, temos o momento estancado e no livro, as palavras de alguém tentando passar uma imagem para você imaginar. Óbvio que temos que considerar o recorte pensado por quem filmou, onde a câmera se posicionou, mas podemos assistir àquele momento de forma mais completa, permitindo análises maiores”, argumenta Beirigo.
MOSTRA E OFICINA HORIZONTE EM fOCO
Hoje (10) e nas sextas-feiras 17/8, 24/8 e 31/8, das 14h às 18h, no MIS Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Entrada franca. Mais informações: (31) 98788-4534.