“Alguém tem que fazer o serviço sujo”, brinca o ator italiano Edoardo Pesce. No Brasil para participar da 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que tem início hoje em 12 cidades – em Belo Horizonte, o festival será no Cine Belas Artes –, Pesce é o antagonista em dois dos 11 longas que serão exibidos até o dia 8: Fortunata, de Sergio Castellitto e Dogman, de Matteo Garrone.
Os dois filmes, inéditos no Brasil, chegam com ótimas credenciais. Fortunata deu à atriz Jasmine Trinca o prêmio da mostra Um Certo Olhar, na edição de 2017 do Festival de Cannes. Já Dogman causou no evento francês no último maio. Após a exibição oficial na Croisette, o longa de Garrone foi ovacionado por 10 minutos – o protagonista, Marcello Fonte, levou o prêmio de melhor ator em Cannes.
Dogman explora o realismo social que fez de Garrone (graças, principalmente, a Gomorra, lançado há uma década) um dos nomes mais importantes da cinematografia italiana atual. Violência, marginalidade e vingança são os temas desta narrativa de um Davi (Fonte) contra um Golias (Pesce).
Marcello (Fonte) é um afável cuidador de cães de um lugar pobre (não localizado no filme, é na verdade Villaggio Coppola, na periferia de Nápoles, região que Garrone utilizou tanto em Gomorra quanto em L’imbalsamatore, de 2002). Sua vida é dedicada aos cachorros e à filha de um casamento desfeito. Até que surge Simoncino (Pesce), um ex-pugilista viciado em cocaína que acabou de sair da prisão.
A relação entre eles é rapidamente estabelecida.
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Para ele, trabalhar com Garrone e Castellitto foi atuar em dois opostos. “Matteo não se preocupa com o roteiro. Você tem que ser verdadeiro no aqui e no agora.
BOA COLHEITA
Criada em Lisboa em 2008, a Festa do Cinema Italiano ganhou versões também em Angola e Moçambique até aportar no Brasil, há cinco anos. Em sua maior edição no país desde então, o evento com a nova safra do cinema da Itália vai exibir filmes de alguns dos cineastas mais conhecidos daquele país.
Uma questão pessoal (2017) é o longa mais recente dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. A narrativa, uma adaptação do romance homônimo do escritor Beppe Fenoglio, acompanha a trajetória de um militar que, durante a Segunda Guerra Mundial, divide-se entre a luta contra o fascismo e um amor clandestino. Já Emma (2017), dirigido por Silvio Soldini, é um drama romântico protagonizado por Valeria Golino. Outro destaque do evento é Nico, 1988, cinebiografia da cantora do Velvet Underground, dirigida por Susanna Nicchiarelli.
“Somos dependentes da produção do bom cinema, como uma colheita. E somos sortudos, porque conseguimos uma boa amostra tanto de filmes de autor quanto de uma produção mais popular. A Itália sempre foi uma grande produtora do cinema popular e é importante trazer isso para o Brasil”, comenta Stefano Savio, organizador do festival.
Em comparação com a edição de 2017, o festival cresceu tanto em número de cidades – eram oito, agora são 12 –, de filmes – sete, contra 11 neste ano –, e de sessões – de duas sessões diárias, passou a ter quatro. Os filmes são exibidos nos mesmos dias e horários em todas as cidades
8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO
De hoje a 8 de agosto. No Cine Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1.581, Funcionários, 3272-3229).