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Estreia nos cinemas, 'Alguma coisa assim' discute a maturidade em três tempos


Encontros e desencontros de um casal ao longo de três períodos distintos. A referência com a trilogia romântica de Richard Linklater – Antes do amanhecer (1995), Antes do pôr do sol (2004) e Antes da meia-noite (2013) – é imediata. Mas Alguma coisa assim, de Esmir Filho e Mariana Bastos, que chega nesta quinta-feira (26) aos cinemas, já nasceu diferente.

Lançado em 2006 como curta-metragem – com boa carreira em festivais, incluindo um prêmio da Semana da Crítica do Festival de Cannes –, só bem mais tarde se tornou um projeto de longa. A intenção inicial dos diretores nunca foi a de desenvolver uma história romântica, mas acompanhar a passagem da adolescência para a vida adulta através de dois personagens.

No curta, Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras) são amigos, ainda menores de idade, que fazem, em 2006, sua primeira incursão ao então templo da noite jovem paulistana – o Baixo Augusta. Vão conhecer o clube mais badalado da época – e, de quebra, Mari faz com que Caio beije, pela primeira vez, um outro cara.

“Quando fizemos o curta, pensamos numa obra única. Mas a experiência foi muito interessante para todos nós, tanto do ponto de vista de carreira quanto do pessoal. Um dia nos encontramos numa mesa bar e resolvemos continuar essa história”, conta Mariana. No entanto, a segunda experiência seria novamente um curta – Sete anos depois, que teve uma única exibição.

“Durante as filmagens, todo mundo percebeu que a gente tinha estofo para fazer um longa.
Estávamos todos em momentos mais amadurecidos da carreira e quisemos fazer um mergulho no conflito dos personagens através do tempo”, continua a diretora.

Os seis minutos iniciais de Alguma coisa assim, o longa, são basicamente os mesmos do curta. Caio e Mari fazem sua incursão ao Baixo Augusta. Depois, o filme vai intercalando a trajetória dos dois personagens em dois tempos – 2013, ainda em São Paulo, quando Caio vai se casar com o namorado, e 2016, em Berlim, quando ele, que realiza pesquisa de fertilização, passa uma temporada com Mari, que tem um trabalho informal naquela cidade. Ali se dará o conflito.

“Berlim foi muito importante no processo do filme, pois é uma cidade cosmopolita, em constante transformação. Na segunda parte do filme (Sete anos depois), a personagem da Mari tinha ido embora do Brasil e morava no mundo. Um dos lugares que ela tinha vivido era Berlim”, comenta Esmir. “A transformação que se vê nas cidades é uma metáfora da relação dos dois personagens”, completa Mariana.
O filme é uma coprodução Brasil e Alemanha.

Alguma coisa assim, o curta, é um filme de formação – foi a primeira experiência mais relevante dos atores e diretores em cinema. Desta maneira, o longa, ao mostrar os personagens amadurecendo, acaba sendo um reflexo da carreira de seus realizadores. Esmir e Mariana codirigiram Tapa na pantera (2006), um dos primeiros virais de internet – a atriz Maria Alice Vergueiro mostra sua experiência como usuária de maconha há três décadas. Ele estreou em longa com Os famosos e os duendes da morte (2009).

Já Caroline Abras, hoje uma das atrizes mais requisitadas do cinema e da TV – é a protagonista feminina da série O mecanismo, da Netflix. André Antunes, por seu lado, não fez nada além de Alguma coisa assim. Na época do curta, ele também estudava psicologia. Deixou a carreira de ator para se dedicar ao consultório. “Ele disse que não se imaginava atuando de novo.
Mas veio tão despreocupado fazer o longa porque não era mais ator, que foi um processo bem legal”, conta Esmir.

Durante a produção do longa, os diretores reviram o curta. Muitos takes inéditos realizados em 2006 foram utilizados no filme. Mesmo que a história atual seja independente, o melhor é ir ao cinema já tendo assistido ao curta, que está disponível na plataforma Vimeo (https://vimeo.com/132749863).

POP STAR Esmir Filho está no processo de finalização de seu próximo longa. Verlust (título provisório), que deverá ser lançado em 2019, foi filmado no Uruguai. A história acompanha a relação de duas décadas de uma cantora pop (Marina Lima) e sua empresária (Andréa Beltrão). Marina, além de atuar no filme, também compôs a trilha sonora.

 

Abaixo, confira o trailer de Alguma coisa assim:

 

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