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PROTAGONISMO O diretor Luís Pinheiro foi convidado pela produtora Andréa Barato Ribeiro por conta de seu trabalho na série Lili, a ex – também com Casadevall no papel principal –, em que levou para a TV fechada os quadrinhos homônimos de Caco Galhardo. Este, por sua vez, é o responsável pelo roteiro de Mulheres alteradas. Dilemas tipicamente femininos ganharam, então, uma ótica masculina.
Pinheiro lembra que, das oito séries que dirigiu para o canal GNT, sete traziam mulheres como protagonistas – entre elas, Julie e os fantamas e a pioneira Mothern. Um de seus mais recentes trabalhos é a direção de episódios da série Samantha!, que estreia nesta semana na Netflix. “Inicialmente, calhou de ser assim, mas, com o passar do tempo, realmente fui desenvolvendo uma predileção por protagonistas mulheres. Hoje, sempre levando essa questão para diretores e roteiristas: em certas histórias, Jack poderia muito bem se chamar Jane. Acho oportuno pensar, na gênese de um projeto, se a personagem principal pode ser uma mulher”, diz.
Fã de Maitena – cujo trabalho chamou a atenção nos anos 1990 e atravessou as fronteiras da Argentina –, Pinheiro entende que seu filme não replica o discurso feminista da obra original.
Os problemas de Marinati, Keka, Leandra e Sônia são recorrentes na série de cinco livros que deram origem ao filme. “Tentamos compor esse painel de mulheres em diferentes momentos de mudança em suas vidas. O filme pretende ser leve e criar identificação em diversas faixas etárias. A Alessandra Negrini percebeu uma coisa interessante: ela já foi todas aquelas personagens, passou por todas aquelas fases”, comenta Pinheiro.
Ele destaca a presença das mulheres de sua equipe no processo de produção do longa, citando a idealizadora e produtora Andréa Barata Ribeiro, a diretora de arte Guta Carvalho e a “guru” Lilian Amarantes, que colaborou com o roteiro.
ESTÉTICA Como deixa claro o diretor, Mulheres alteradas não carrega a bandeira do feminismo e passa ao largo das discussões ressaltadas pelo movimento. Algumas de suas premissas, inclusive, escorregam na superficialidade, como crises que se resolvem com uma noite fora da rotina e outras resoluções pouco criativas dadas às tramas. Contudo, preocupações estéticas dão um tom de originalidade ao longa – principalmente se comparado à produção recente de comédias brasileiras.
Há diversas referências à linguagem dos quadrinhos, que se manifestam, em especial, na workaholic interpretada por Alessandra Negrini. A atriz carrega a interpretação com uma expressividade típica dos personagens de cartuns, enquanto figurino e cores que a cercam são determinados pela fase em que Marinati se encontra. O espectador notará recursos como chifres posicionados na cabeça de Marinati quando ela propõe que seu escritório se torne uma barca viking para vencer um caso, ou ainda as cores néon na parede da boate, que mudam de acordo com os sentimentos da personagem de Maria Casadevall.
“Tenho essa postura cinematográfica de transposição dos quadrinhos que vem desde Lili, a ex. É algo presente na técnica, nas lentes usadas e na câmera posta na linha de olhar dos personagens – como em A era do gelo, em que o esquilo persegue a noz e está sempre correndo da câmera ou em direção a ela”, afirma Pinheiro. “A gente se divertiu muito fazendo e acho que isso está impresso no filme. Defino Mulheres alteradas como uma comédia pop, em que quis emprestar um pouco mais de conceito para as comédias nacionais”, completa o diretor.
Assista ao trailer de Mulheres alteradas:
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