Quando a Pixar lançou Os Incríveis, em 2004, não havia Universo Cinematográfico Marvel - Homem de Ferro só sairia em 2008. Não havia a trilogia do Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan - Batman Begins foi lançado em 2005 -, muito menos Mulher-Maravilha. Só os dois primeiros X-Men tinham estreado.
Então foi com certa apreensão que Brad Bird voltou a seus super-heróis em Os Incríveis 2, que chega ao Brasil nesta quinta-feira, 28, num momento do cinema inundado de personagens com superpoderes, capas, armaduras e afins. "Fiquei um pouco deprimido ao começar a considerar seriamente o filme porque havia muitos filmes de super-heróis e achei que em dois anos todo o mundo ia estar cansado deles", disse Bird em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em Los Angeles. "Tive de parar e realmente pensar por que estava fazendo a sequência. E em dez segundos me lembrei que a razão pela qual me empolguei com o primeiro não foi porque eles têm superpoderes, mas por serem uma família."
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"Tive a ideia de inverter os papéis de Helena e Beto quando estávamos promovendo o primeiro filme", explicou Brad Bird. "A essência nunca mudou.
Bird afirmou que acha que é importante ter mais personagens femininas e mais diretoras mulheres. "Mas, se as pessoas começarem a me dizer que tenho de fazer isso, o artista em mim vai resistir e vou acabar fazendo um filme sobre homens comendo bife o tempo todo e queimando carvão."
A produtora Nicole Paradis Grindle reconheceu, porém, que as mulheres se sentem mais encorajadas a falar hoje em dia. "Acho que frequentemente as mulheres observam. E desta vez percebemos que muitas mulheres talentosas realmente se sentiram mais à vontade de fazer sugestões e participar." O diretor rebateu: "Mas elas sempre tiveram permissão para falar". Grindle completou: "Eu acho que elas mesmas se sentiram mais empoderadas". Brad Bird, que foi criado com três irmãs mais velhas, contou que a participação feminina foi fundamental. "Sempre ouço, seria tolo não escutá-las.
Por mais que os filmes da Pixar sejam amados, só quatro dos 20 longas da companhia são encabeçados por personagens femininas, isso incluindo Os Incríveis 2. O estúdio pode fazer mais e parece saber disso - tanto que o curta que acompanha o filme, Bao, é o primeiro dirigido por uma mulher, Domee Shi.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Mariane Morisawa, especial para o Estado).