Recentemente, diretores estreantes têm feito bonito na seara do terror. Jordan Peele e John Krasinski eram atores mais conhecidos por trabalhos na TV até arrebatar as bilheterias com Corra! (2017) e Um lugar silencioso (2018), respectivamente. A estreia de Peele em longas lhe valeu um Oscar de melhor roteiro. Já Krasinski, que até então havia dirigido uma comédia dramática sem muita repercussão (Família Hollar, 2016), virou fenômeno de bilheteria e garantiu uma continuação para a história.
Nesse contexto, Ari Aster, que tem no currículo seis curtas, todos com uma tendência para a comédia, é a bola da vez. Hereditário estreia nesta quinta-feira (21) no Brasil na esteira de muito barulho. O Festival de Sundance, que virou uma espécie de plataforma de filmes de terror – lançou A bruxa (2015) e Corra!, por exemplo – consagrou, em janeiro, o filme. Amparada por críticas positivas, a produção independente tem feito boa bilheteria nos EUA – custou US$ 10 milhões; arrecadou quase US$ 30 milhões em menos de duas semanas.
As críticas mais entusiasmadas têm comparado o título ao clássico O exorcista. Essa é só uma das referências – há ainda um quê de O bebê de Rosemary e O iluminado.
A premissa é simples: o desmoronamento de uma família a partir da morte da matriarca. Com esse mote, Aster constrói uma teia que vai do suspense ao terror, com boas pitadas de paranormalidade.
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Rachel Weisz e Rachel McAdams vivem amor proibido em 'Desobediência'Realidade X ficção: cientistas analisam franquia 'Jurassic World'Isolados numa casa no meio de uma floresta, os quatro vivem rotinas quase completamente independentes. Annie se afoga no trabalho – é uma maquetista que utiliza as tragédias familiares como fonte de inspiração para uma arte em miniatura. Steve é sempre ausente, enquanto Peter encontra nos cigarros de maconha a fuga para um cotidiano fora do comum. Charlie, cheia de estranhezas, não se conecta com ninguém – a não ser com a lembrança da avó, que a criou.
Hereditário é o típico filme sobre o qual não se pode falar muito sem estragar a surpresa.
A Annie de Toni Collette já vem gerando expectativas quanto ao Oscar – a dor da personagem é intensa, como também as caras e bocas da atriz, que beiram o exagerado. Menos incômoda e mais efetiva é a Charlie da estreante em cinema Milly Shapiro (atriz que vem da Broadway). É a adolescente mais assustadora que o cinema proporciona desde Samara, de O chamado. O desenrolar da trama (um tanto longa demais) decepciona, assim como a carência de sustos.
É um terror que foge do óbvio, certamente. Traz um cuidado estético impressionante – sua trilha sonora está muito acima da produção recente. Agora, chega um tanto superestimado pela crítica internacional. .