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'Do jeito que elas querem' diverte ao abordar a vida sexual feminina aos 60


Quatro amigas, todas na faixa dos 60 anos, se reúnem periodicamente em encontros de leitura a fim de debater, além de seus dilemas pessoais, as questões do livro escolhido para aquele mês. A vida de cada uma muda drasticamente quando se propõem a ler o best-seller Cinquenta tons de cinza, sucesso meteórico da britânica E. L. James. Essa é a comédia Do jeito que elas querem, dirigida por Bill Holderman, com roteiro escrito em parceria com Erin Simms, que chega nesta quinta-feira (14) às salas brasileiras.

Nos papéis principais, as veteranas Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen mostram química e rendem ótimas cenas. É agradável assistir às quatro estrelas como protagonistas, já que a indústria cinematográfica costuma dar papéis menores às atrizes à medida que a idade avança.

Diane Keaton segue brilhando em comédias, justamente o gênero que a consagrou – ela encabeçou os elencos de Noivo neurótico, noiva nervosa (1977), O clube das desquitadas (1996) e Alguém tem que ceder (2003), entre outros títulos. Sua personagem – que leva o mesmo nome da intérprete – está viúva há um ano e constata que dedicou a vida unicamente a ser mãe. Tratada como inválida pelas filhas, Diane tem medo de voar e se apaixona logo por um piloto de avião (Andy Garcia).

Vivian (Jane Fonda) é uma representação interessante da mulher moderna.
Mantém vida sexual ativa e prioriza relações efêmeras, o que causa estranheza nas demais. Ela deixa sua zona de conforto quando se percebe apaixonada por um affair da juventude (Don Johnson). A personagem é espirituosa e apresenta personalidade verdadeiramente jovem, o que o roteiro consegue trabalhar de forma absolutamente verossímil.

Contrapondo-se a Vivian, a juíza federal Sharon Meyers (Candice Bergen) é centrada e ainda está ligada ao ex-marido, de quem se divorciou há 18 anos. Quando o antigo amado anuncia casamento com uma mulher algumas décadas mais jovem, a magistrada resolve encontrar um companheiro em sites de relacionamento. Não tão célebre quanto as colegas de cena, Bergen é o grande destaque do elenco, responsável pelas passagens mais divertidas – como as sequências em que vai ao encontro de seus admiradores virtuais. Os embates entre a personagem de Fonda, que valoriza o sexo, e Meyers, uma carente afetiva, gera bons momentos.

Carol (Mary Steenburgen), a mais jovem, completa o grupo. Única casada das quatro, ela faz de tudo para sair da monotonia que vive ao lado do marido (Craig T.
Nelson), inclusive inscrever o casal em um concurso de dança. Em jejum sexual de seis meses, Carol decide apimentar a relação após a leitura indicada pelas amigas.

Propositalmente ou não, Do jeito que elas querem faz uma ótima e honesta propaganda da saga Cinquenta tons de cinza. O roteiro não ignora a má fama das publicações, consideradas por muitos como uma literatura menor, dado o seu exacerbado apelo sexual. As amigas torcem o nariz quando Vivian propõe a leitura, mas logo se veem vidradas na trama erótica de Christian Grey. É possível, ainda, que a comédia seja mais eficiente em gerar a curiosidade sobre os livros do que sua oficial adaptação para os cinemas.

O longa diverte ao abordar a vida sexual de mulheres que se aproximam da temida terceira idade. Como elas deixam claro, “transar é como andar de bicicleta” e a libido não precisa chegar ao fim conforme os anos passam. A premissa e toda sua sucessão de acontecimentos passam longe de ser surpreendentes, mas se mostram competentes no propósito de divertir o espectador, independentemente de sua faixa etária.

 

Assista ao trailer de Do jeito que elas querem:

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