O Marrocos tem atualmente 30 salas de cinema. É um número ínfimo, ainda mais se levarmos em consideração que o país no Norte da África tem 35 milhões de habitantes. “Só que 40% desta população não sabe ler nem escrever. Isso mostra como o cinema é importante no país”, afirma o cineasta franco-marroquino Nabil Ayouch.
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No Brasil participando do Festival Varilux, os irmãos Renier assinam a direção do longa CarnívorasFestival Varilux exibe 21 longas-metragens em 88 cidades brasileirasAutoridades do Marrocos querem prender Jennifer Lopez por ser sensualA narrativa intercala dois tempos. Em 1982, acompanhamos o professor berbere Abdallah (Amine Ennaji), que dá aulas para crianças numa pequena vila montanhosa. Com a reforma educacional que aboliu a filosofia e a sociologia (trocadas pela educação islâmica) e impôs o árabe como língua nacional, ele se vê impossibilitado de lecionar.
Já em 2015, outros personagens acabam se cruzando nas ruas de Casablanca – ao final, todas as narrativas vão colidir.
Para Ayouch, Primavera em Casablanca é basicamente um filme sobre como uma geração mudou por causa da educação. “Nos anos 1980, havia muito mais liberdade no país.” A onda de conservadorismo que tomou o Marrocos nesta década foi o ponto de partida do filme.
O longa anterior de Ayouch, Muito amadas (2015), sobre um grupo de prostitutas marroquinas, foi banido do país. “E não foi apenas proibido. Houve uma campanha muito grande contra nós. Isso acabou me levando a questionar meu lugar no Marrocos e de onde esta onda de ódio poderia vir. Por isso, quis fazer um filme sobre pessoas que lutam contra opressão, seja ela religiosa, social ou familiar.”
A atriz e roteirista Maryam Touzani, que interpreta Salima, mulher de classe média-alta que questiona seu lugar num mundo patriarcal, utilizou muito da experiência pessoal para compor a personagem. “A mulher não pode se comportar no espaço público como em sua casa.
A despeito da perseguição sofrida com Muito amadas, Primavera em Casablanca conseguiu ser exibido no Marrocos – foi proibido no Egito por causa do personagem judeu. “Fazer filmes no Marrocos é relativamente fácil.
Mesmo com o avanço do conservadorismo e as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, o cineasta não pensa em deixar o país. “Não entendo uma série de atitudes, mas amo o povo marroquino. São pessoas generosas, muito parecidas com os brasileiros. E acho que quando você pertence a um lugar, tem que ficar e lutar”, finaliza.
PRIMAVERA EM CASABLANCA
Sessões hoje, às 15h, e terça (19), às 16h30, no Belas Artes; hoje, às 18h45, no Pátio; quarta (20), às 14h30, no Ponteio
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