Sete anos depois do escândalo que provocou em Cannes, o diretor dinamarquês Lars von Trier apresentará fora de competição The house that Jack built, anunciou o festival, que terá como filme de encerramento The man who killed Don Quixote, de Terry Gilliam.
Ao anunciar o retorno do polêmico Lars von Trier, que afirmou durante o evento em 2011 ter “simpatia” por Hitler, o festival se limitou a transmitir a decisão da direção. “Pierre Lescure, presidente do festival, e seu conselho de administração decidiram acolher o retorno do diretor dinamarquês Lars von Trier, Palma de Ouro de 2000, na mostra oficial. Seu novo filme será exibido fora de competição”, diz o comunicado.
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Já o filme The man who killed Don Quixote, em que o diretor americano Terry Gilliam trabalha há quase 20 anos, foi considerado por muitos um projeto “maldito”. O longa começou a ser rodado em 2000 e quase não teve a possibilidade de estrear, devido a um conflito com o produtor português Paulo Branco.
DESACORDOS Branco comprou seus direitos de autor-diretor por meio de sua empresa Alfama Films. Em troca, tinha se comprometido, entre outras coisas, a manter a data da filmagem em outubro de 2016 e a respeitar as decisões artísticas de Gilliam.
Gilliam então procurou a produtora espanhola Tornasol, e com ela filmou o longa entre março e junho de 2017, na Espanha e em Portugal. O diretor foi à Justiça francesa para anular o contrato de cessão de direitos a Branco. Mas um tribunal de Paris se pronunciou em primeira instância em favor do produtor, embora tenha rejeitado seu pedido de parar as filmagens.
“Suas petições são ridículas. Tenta arrecadar o máximo com um filme que não produziu”, declarou Gilliam à imprensa, afirmando que Branco lhe pede uma compensação de 3,5 milhões de euros. Esse episódio judicial prolonga um pouco mais a “maldição” que atinge há quase duas décadas The man who killed Don Quixote.
Em 2000, Gilliam teve que interromper a filmagem de sua adaptação livre da obra de Cervantes, com Jean Rochefort, Johnny Depp e Vanessa Paradis, devido a uma série de incidentes, como inundações no set e uma hérnia de disco sofrida pelo já falecido ator francês. Gilliam tentou ressuscitar o projeto em várias ocasiões, deparando-se com a falta de financiamento, até conseguir filmar o longa em 2017.
A mostra paralela Um Certo Olhar anunciou a inclusão do filme Chuva é cantoria na Aldeia dos Mortos, do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Messora..