Pio Amato é um garoto de 14 anos que se recusa a viver a idade que tem. Ele bebe e fuma como um adulto. Não frequenta a escola (nem sequer sabe ler), mas é bom condutor de carros e tem um senso ético muito pessoal quando se trata de sua família. Também transita facilmente entre os diferentes grupos que vivem em Gioia Tauro, pequeno município da Calábria, Sul da Itália: ciganos, refugiados africanos e os italianos. Quando seu irmão mais velho é preso, Pio acredita que deve tomar o lugar dele à frente da família Amato.
O cineasta italiano Jonas Carpignano acompanha o cotidiano desse personagem – e daqueles que o cercam – em Ciganos da Ciambra, seu segundo longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (3) no Cine Belas Artes, em Belo Horizonte. O filme, que foi a escolha da Itália para tentar uma vaga no Oscar de produção estrangeira, tem boas credenciais. O longa inaugura a parceria do brasileiro Rodrigo Teixeira com Martin Scorsese. A RT Features e a Sikelia, de Scorsese, se associaram para a realização de cinco produções de novos diretores.
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“Ciganos da Ciambra não é o tipo de filme em que o diretor tem uma ideia e depois imagina como colocá-la em ação. Ele nasceu a partir das pessoas que participam dele. Tudo o que está no filme, tudo o que o Pio diz, aconteceu com ele de alguma maneira no passado. Ou seja, foi um filme que realmente nasceu da experiência cotidiana daquele grupo de pessoas”, afirmou Carpignano ao EM, quando esteve no Brasil para a pré-estreia do longa, no Festival do Rio de 2017.
Filmado com uma câmera na mão, o longa é quase todo falado num dialeto calabrês utilizado apenas por aquela comunidade. Trabalhar com não atores não é novidade para Carpignano, que construiu seu longa anterior, Mediterranea (2015), também a partir da vida de um personagem, o refugiado Koudous Seihon, de Burkina Faso. Ele participa do novo filme – é quem faz a ponte do carismático Pio com a comunidade africana.
O rito de passagem para a vida adulta do protagonista, com as pequenas transgressões que ele comete, é filmado sem julgamentos morais. A linha que divide o certo e o errado, quando se vive à margem, é bem elástica, é o que a narrativa parece mostrar. E não cabe a ninguém que está de fora apontar qual o caminho seguir.
Abaixo, confira o trailer de Ciganos da Ciambra: