Amor, traição, intolerância e fé são elementos presentes em grande parte das histórias, inclusive naquela considerada a mais emblemática: a Paixão de Cristo. No cinema, o martírio de Jesus ganhou várias interpretações. Nesta semana santa, estreia, no Cine Humberto Mauro, mostra com sete longas-metragens com diferentes abordagens sobre o tema.
A curadoria optou por produções pouco convencionais, repletas de questionamentos e provocações sobre a vida e a morte de Jesus de Nazaré. Filmes clássicos, reprisados com frequência na TV, ficaram de fora. “O Cine Humberto Mauro busca sempre privilegiar produções pouco exibidas, o lado B do cinema. Nossa intenção é oferecer uma experiência de Páscoa diferente, levando o público a conhecer filmes alternativos sobre essa data”, conta Vitor Miranda, um dos responsáveis pela seleção.
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“Até aquela época, o cinema costumava espetacularizar a Paixão de Cristo. Havia sempre um tom épico e panfletário do catolicismo. Talvez esse filme não tenha sido bem recebido porque, nele, Jesus é um homem normal, sério, não aquela santidade que se costumava pregar”, diz Miranda.
“Com o passar dos anos, a Igreja parece ter entendido as reais intenções do Pasolini. Ele deu destaque às proclamações de Jesus, procurando o real sentido das palavras que serviriam de base moral para a nossa civilização”, explica. Milagres são narrados como corriqueiros e o martírio da crucificação é demonstrado não pelo sofrimento físico, mas pelas reações das pessoas que a assistiam.
Martin Scorsese também está presente com A última tentação de Cristo (1988). Famoso por filmes de suspense e sobre a máfia, desta vez o cineasta abriu mão de seu estilo. “Talvez por ser uma pessoa muito católica ele tenha conduzido o filme de outra forma”, deduz Vitor.
“Os longas selecionados tentam criar uma figura de Jesus mais humana. Isso fica muito claro no filme do Scorsese, que traz o Messias contraditório, frágil e perturbado, em eterna dúvida entre o corpo e o espírito”, observa o curador.
PROVOCAÇÕES A comédia A vida de Brian (1979), de Terry Jones (do grupo britânico Monty Python), narra a história de um homem considerado o novo Messias por ter nascido no mesmo dia de Jesus. A cultura pop dá o tom ao musical Jesus Cristo superstar (1973), de Norman Jewison. Jesus de Montreal (1989), de Denys Arcand, conta a história de um ator que interpreta a Paixão de Cristo no teatro e passa a ser perseguido pela Igreja.
Completam a programação o documentário Acto de primavera (1963), de Manoel de Oliveira, que mostra a encenação da Paixão de Cristo em uma pequena vila de Portugal, e A montanha sagrada (1973), de Alexandro Jodorowsky.
A MAIOR HISTÓRIA DE TODOS OS TEMPOS
Sexta-feira (30/3)
16h – O evangelho segundo São Mateus (1964), de Pier Paolo Pasolini
18h30 – Acto de primavera (1963), de Manoel de Oliveira
20h30 – A montanha sagrada (1973), de Alejandro Jodorowsky
Sábado (31/3)
16h – Jesus Cristo superstar (1973), de Norman Jewison
18h – A vida de Brian (1979), de Terry Jones
20h – A última tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese
Domingo (1º/4)
16h – Jesus de Montreal (1989), de Denys Arcand
18h15 – O evangelho segundo São Mateus (1964), de Pier Paolo Pasolini
20h45 – Acto de primavera (1963), de Manoel de Oliveira
Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. Programação completa: www.fcs.mg.gov.br. Recomenda-se verificar antecipadamente a disponibilidade de ingressos. Informações: (31) 3236-7400.