Wakanda é aqui: 1,8 mil alunos de escolas municipais assistiram a Pantera Negra

Na manhã desta sexta (23), os alunos da Escola Municipal Lídia Angélica saíram encantados com os heróis do filme dirigido por Ryan Coogler

Márcia Maria Cruz 23/03/2018 14:26
Márcia Cruz/EM/D.A PRESS
Quarenta alunos da Escola Municipal Lídia Angélica assistiram ao Pantera Negra, que já ocupa quarto lugar na bilheteria dos filmes da Marvel (foto: Márcia Cruz/EM/D.A PRESS)
Pantera Negra caminha para alcançar o terceiro lugar entre os filmes mais vistos da Marvel. O longa, dirigido por Ryan Coogler, arrecadou US$ 1.190 bilhão nas bilheterias mundiais, ultrapassando Capitão América: guerra civil (US$ 1.153 bilhão). Se depender do engajamento entre alunos de escolas públicas de Belo Horizonte o filme pode em breve ultrapassar Homem de Ferro 3 (US$ 1.214 bilhão).

 Na manhã desta sexta (23), os alunos da Escola Municipal Lídia Angélica foi ao Shopping Cidade assistir ao filme que tem como protagonistas os atores negros Chadwick Boseman (T'Challa), Michael B. Jordan (Killmonger), Letitia Wright (Shuri) e Danai Gurira (Okoye). Desde 7 de março, 1,8 mil alunos de 45 escolas municipais assistiram ao longa-metragem, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.
 
A Escola Municipal Lídia Angélica fica localizada no bairro Itapoã, na Região da Pampulha. Ao sair do cinema, os meninos e meninas conversavam entusiasmados sobre o que viram na telona. Quando passaram pelo poster do filme, fizeram questão de colocarem os braços em x, gesto repetido pelo rei T'Challa quando se transveste de Pantera Negra.  Bem diversa, a turma tem alunos e alunos negros, brancos e pardos dos sétimos e oitavo anos. 
 
A chefe do exército do rei T'Challa, Okoye, fascinou as estudantes Manoela Coelho e Maria Clara de Oliveira Gonçalves, ambas de 13 anos. “Ela mostra que não são apenas os homens que têm poder. As mulheres podem ser fortes. São elas que protegem Wakanda”, diz. Maria Clara destaca que a guerreira entrou em confronto até com o próprio marido para proteger o reino, cumprindo com lealdade o dever de proteger o seu povo. As duas, que são brancas, também destacam a forma positiva como os negros são retratados.
 
Anna Pereira Silva, menina negra de 13, surpreendeu-se com o elenco estrelado por maioria de atores negros. “Geralmente, os filmes têm mais brancos do que negros. Em Patera Negra é diferente, o que achei muito interessante”, avalia. Camilly dos Santos, da mesma idade, se reconheceu nos personagens da produção. “Okoye enfrentou o próprio marido para salvar a população. Ela se preocupa mais com o povo do que com ela mesma.”
 
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As amigas Anna e Camilly se espelham na guerreia Okoye (foto: Márcia Cruz/EM/D.A PRESS)
A turma foi acompanhada dos professores Aline Neves Rodrigues Álves e William Soares. Aline leciona geografia e atua como pesquisadora no Programa de Ações Afirmativas da UFMG. Ela vê na sessão extraclasse a possibilidade de desconstruir estereótipos em relação ao continente africano. Outra contribuição, na avaliação de Aline, diz respeito à representação feminina. “A mulher é retratada para além do ambiente doméstico. Esse movimento de levar as crianças para o cinema é educativo e está acontecendo no mundo todo desde o lançamento de Pantera Negra”, diz. 
 
Aline trabalha com a turma a questão da paridade entre os gêneros. Outra importante reflexão que o filme traz, na avaliação dela, é que o melhor caminho para a humanidade é a construção de pontes e não muros. “A grande contribuição é mostrar que os países podem ser soberanos sem querer subjugar o outro. É a utopia do movimento negro no Brasil em todo o mundo”, conclui.
 
Lecionando história, o professor William destaca que a lei 10.639, de 2003, estabelece a obrigatoriedade do ensino da história africana e indígena nas escolas. Para ele, o filme ajuda na valorização da cultura negra ao mostrar a África para além dos estereótipos. “É uma narrativa diferente, que desconstrói a representação do heroi tradicional. Mostra toda a diversidade das tribos africanas”, diz. 

  

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