“Alemanha, um país sofisticado e educado.” A frase dita por um morador do pequeno vilarejo búlgaro ao personagem principal Meinhard já evidencia a crítica que move a trama de Western, coprodução entre os dois países que estreia hoje, no Cine Belas Artes. O longa esteve em cartaz na última edição do Festival de Cannes, dentro da mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar). Como se fosse uma ironia à assertiva do interiorano, o filme mostra um grupo de trabalhadores germânicos estúpidos e grosseiros, que vai para a região atuar na construção de uma hidrelétrica, estabelecendo uma série de conflitos com a pequena população local.
A exceção é o próprio Meinhard, mais velho, pacato e franzino, único papel cinematográfico da carreira de Meinhard Neumann. Na história, enquanto seus colegas vivem uma rotina alternada entre trabalho e atitudes problemáticas nos momentos de lazer – brincadeiras idiotas entre eles e comportamento ofensivo contra algumas mulheres do vilarejo –, ele acaba se aproximando de maneira positiva dos nativos búlgaros, mesmo sem falar nenhuma palavra no idioma. Embora sejam igualmente estranhas para quem não é familiar, as duas línguas são totalmente diferentes.
Seu comportamento amigável o ajuda a romper as barreiras culturais e a desconfiança ligeiramente hostil do povoado, que aparenta ter, no máximo, uma centena de habitantes. Ao mesmo tempo, isso o indispõe com seus colegas alemães, que parecem ter ciúmes de sua popularidade. Essa tensão, somada a dificuldades que os operários encontram na obra e os conflitos iniciais com os locais, movimenta a narrativa, que, mesmo assim, não apresenta nenhum grande clímax.
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