No dicionário, farofeiro significa um fanfarrão, loroteiro. Mas a definição mais conhecida é a informal. Farofeiro é aquele sujeito que leva marmita ou comida em viagem ou passeios, basicamente em locais não próprios para o consumo de alimentos. Nas praias, eles estão aos montes. O nome do novo filme do diretor Roberto Santucci – um papa da produção recente de comédia no Brasil, responsável por sucessos como Até que a sorte nos separe e De pernas pro ar – vem a calhar.
Os farofeiros, que chega nesta quinta (8) aos cinemas, conta a história dos colegas de trabalho Lima (Maurício Manfrini), Alexandre (Antônio Fragoso), Rocha (Charles Paraventi) e Diguinho (Nilton Bicudo), que decidem sair juntos em uma viagem com suas famílias para curtir o feriadão do réveillon. A viagem começa a dar errado já no início, com direito a engarrafamentos quilométricos e brigas na saída para Búzios, ou melhor, a fictícia Maringuaba.
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Com expectativas altas com relação ao longa – o trailer oficial teve mais de 3 milhões de visualizações –, Santucci acredita que sejam pontos fortes do filme a diversidade e o talento do elenco, formado por gente tarimbada no humor – como a já citada Cacau Protásio e Maurício Manfrini, que ficou conhecido por seu personagem Paulinho Gogó – e por novas apostas, como Aline Riscado.
PÚBLICO “Todos os atores se encaixaram muito bem em seus papéis. Até as crianças se destacaram e isso fez com que o filme se abrisse para novos tipos de público. Cada um representa uma faixa social, e isso gera uma identificação muito grande com o espectador”, ressalta o diretor, que também é produtor associado, ao lado de Bruno Wainer e de Paulo Cursino, responsável pelo roteiro, ao lado de Odete Damico. “Ser produtor te dá mais liberdade criativa e mais capacidade de lidar com todos os tipos de questão. As limitações são as mesmas de um diretor, mas, quando você é produtor, você escolhe as soluções”, explica.
Roberto Santucci, que já está tocando novos projetos, como a continuação de O candidato honesto, com Leandro Hassum, e a cinebiografia do Trapalhão Mussum, acredita que acabou se “especializando” em comédias pela demanda de trabalhos dos produtores e distribuidores e afirma ter vontade de enveredar por outros gêneros cinematográficos, como chegou a fazer no passado, com Bellini e a Esfinge e Olé - Um movie cabra da peste.
“Mas as pessoas não me convidam para esse tipo de trabalho. Até cheguei a ser convidado para dirigir o Polícia Federal - A lei é para todos, mas, indiquei o Marcelo Antunez, que eu já conhecia bastante. Acabei sendo o consultor artístico desse trabalho, porque minha agenda não me permitia aceitar. Tenho vontade de fazer drama, ação, mas, antes de tudo, tenho vontade de fazer boas histórias com bons roteiros”, frisa.
O destaque do elenco é o carioca Maurício Manfrini, que faz seu primeiro papel no cinema. Lima, seu personagem, é um piadista nato, que não se preocupa com nada e é o mentor da “grande ideia” de alugar a casa para passar o ano-novo com os amigos. O ator conta que a empatia entre os colegas surgiu já na primeira leitura, em maio. “Desde então, essa relação só se intensificou. Todo mundo ficou amigo, um ajudando o outro, e até hoje nós mantemos um grupo de WhatsApp. Todo aquele clima descontraído que se vê no filme também estava presente nos bastidores”, diz.
Para Manfrini, o público vai se identificar com a trama, por já ter passado ou conhecer alguém que enfrentou situação semelhante à retratada em Os farofeiros. “Eu, particularmente, já vivi isso demais. Ir passar o feriado ou as férias num lugar e, chegando lá, a realidade é bem diferente. Quem nunca comprou gato por lebre?”
Pelo visto, Manfrini gostou da experiência cinematográfica e já tem engatilhado o projeto do filme de Paulinho Gogó, seu personagem mais longevo e famoso, que pode ser visto desde 2004, todas às quintas, em A praça é nossa, no SBT/Alterosa. As filmagens começam no segundo semestre. “Acabei chamando justamente o (diretor) Roberto Santucci e o (roteirista) Paulo Cursino para esse projeto. Eles são feras. O filme é em cima do show que eu fazia, rodando o Brasil com o Gogó. Acredito que vai ficar bem bacana”, diz.
Três perguntas para...
Roberto Santucci
diretor
Qual o segredo do sucesso das comédias brasileiras?
Acredito que, além das boas histórias, é a questão da continuidade. Isso é fundamental para um gênero crescer. E conseguimos fazer isso com as comédias. O norte-americano faz isso muito bem com todo tipo de filme. Além das franquias, o Brasil criou estrelas do humor, como Ingrid Guimarães, Paulo Gustavo, Leandro Hassum. Tudo isso corrobora para gerar público, mais projetos.
Mas isso significa que o brasileiro só gosta de comédia?
De modo algum. O cinema se faz por causa do grande público e, no momento, ele está calcado na comédia, assim como teve a fase dos filmes religiosos, das cinebiografias. Tropa de elite é o maior exemplo de que o brasileiro adora filme de ação. Na verdade, nosso público gosta de um gênero bem- executado, não necessariamente só comédia.
As nossas comédias têm um estilo?
Acredito que as comédias têm procurado ser cada vez mais populares, abordando os mais variados assuntos e falando de todo tipo de brasileiro e para todo tipo de brasileiro, de A a Z. Acho que isso acaba gerando uma identificação grande. Até tipos que a gente não via, como os suburbanos do Rodrigo Sant’Anna, as personagens desbocadas da Cacau Protásio e agora o Maurício Manfrini, com o Paulinho Gogó, mostram que esses personagens são a nova cara do Brasil.
Abaixo, confira o trailer de Os farofeiros: