Na década de 1970, bem antes do surgimento de facilidades digitais como DVD, streaming e download, cinéfilos de Belo Horizonte costumavam se reunir no Grande Teatro do Palácio das Artes, onde um projetor exibia filmes esquecidos pelo circuito comercial. Como o espaço era enorme para aquele pequeno número de pessoas, surgiu a ideia de algo menor, mais intimista. Assim nasceu o Cine Humberto Mauro, que celebra seus 40 anos com o orgulho de ter se tornado referência em cinema na capital mineira. Iniciando as comemorações, a Fundação Clóvis Salgado resgata a trajetória do ator e diretor norte-americano Buster Keaton (1895-1966), vanguarda na comédia e referência do cinema mudo.
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'Emoji: O Filme' leva o Framboesa de Ouro de pior filme do anoFeirinha Aproxima valoriza quitutes e gastronomia mineira em BHCantautor do grupo Graveola e o Lixo Polifônico faz show solo em BHO público poderá conferir a obra-prima A General (1926), em que Keaton interpreta Johnnie, homem apaixonado por uma locomotiva, além de Luzes da ribalta (1952), de Charles Chaplin, apontado como o rival do astro. Neste filme, porém, os dois se tornaram parceiros.
CHAPLIN O auge da carreira de Buster Keaton se deu nos anos 1920, quando Chaplin também despontava. Na era do cinema mudo, o ator e diretor se notabilizou pela expressão facial imutavelmente séria, mesmo diante das maiores trapalhadas que seus roteiros cômicos traziam. Essa característica fez com que Keaton se tornasse conhecido como “O cara de pedra” e “O homem que nunca ri”.
Marinheiro de encomenda (1928), O homem das novidades (1928) e Nossa hospitalidade (1924), programados pelo Cine Humberto Mauro, são alguns dos principais títulos de sua filmografia naquela época. No entanto, ao contrário de Chaplin, Buster Keaton perdeu o estrelato com a chegada do cinema falado, embora tenha continuado a criar e produzir comédias no novo formato.
SOBREVIDA Bruno Hilário observa que a programação do Cine Humberto Mauro enfatiza o artista além da linguagem que o consagrou. “Temos a ideia de que a carreira do Keaton se encerra com o fim do cinema mudo, mas isso não é verdade. A mostra destaca a atuação dele, a sobrevida também no cinema falado. Foi um grande desafio continuar em evidência diante dos avanços tecnológicos do século 20.
O grand finale está marcado para o dia 29. No encerramento da mostra, no Grande Teatro do Palácio das Artes, o público assistirá a The railrodder (1965), dirigido por Gerald Potterton e lançado um ano antes da morte de Keaton, protagonista do curta. Essa comédia silenciosa, a bordo de uma locomotiva que viaja pelo Canadá, tem 25 minutos. Composta especialmente para a ocasião por André Brant, a trilha sonora será executada ao vivo por músicos do Centro de Formação Artística e Tecnológica do Palácio das Artes (Cefart). Em seguida, será exibido A General.
Iniciar a comemoração dos 40 anos da sala com o Buster Keaton é, basicamente, retomar a origem da sétima arte, diz Hilário. “Ele tem um caráter muito popular, é um dos personagens mais carismáticos do cinema mundial e da comédia, o único que se compara ao Carlitos (Charles Chaplin). Por isso pensamos em voltar ao passado e evidenciar o caráter de cinema de repertório que o Cine Humberto Mauro sempre adotou”, explica. O curador lembra que serão utilizadas algumas cópias restauradas em DCP trazidas dos Estados Unidos.
A Fundação Clóvis Salgado planeja outras mostras e festivais para comemorar os 40 anos do Cine Humberto Mauro, mas a agenda ainda não está fechada.
BUSTER KEATON – O ACROBATA DO RISO
Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Até 29 de março. Entrada franca. Programação completa: www.fcs.mg.gov.br.
• PROGRAMAÇÃO
HOJE (2)
» 15h – O pesado (1920), de Winchell Smith e Herbert Blaché
» 16h30 – Nossa hospitalidade (1923), de John G. Blystone e Buster Keaton
» 18h – O teatro (1921), de Buster Keaton e Edward F. Cline; Sherlock Jr. (1924), de Buster Keaton
SÁBADO (3)
» 16h – As três eras (1923), de Buster Keaton e Edward F.
» 17h15 – O barco (1921), de Edward F. Cline e Buster Keaton; Marinheiro por descuido (1924), de Donald Crisp e Buster Keaton
» 19h – Sonhos impossíveis (1922), de Edward F. Cline e Buster Keaton; Sete oportunidades (1925), de Buster Keaton
» 20h30 – Vaqueiro avacalhado (1925), de Buster Keaton
DOMINGO (4)
» 16h – Boxe por amor (1926), de Buster Keaton
» 18h – A General (1926), de Buster Keaton e Clyde Bruckman
» 20h – Amores de estudante (1927), de James W. Horne e Buster Keaton.