Filmes como Querida, encolhi as crianças (1983) e Homem Formiga (2015) já exploraram, sob o viés da comédia e da aventura, a possibilidade fantástica de um humano ser reduzido a poucos centímetros de altura. É quase de se estranhar, então, que Pequena grande vida, em exibição nos cinemas a partir desta quinta-feira (22), enverede também pelo drama ao contar a saga de um homem comum submetido ao processo de encolhimento.
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O protagonista é Paul Safranek (Matt Damon), um trabalhador de classe média entusiasmado com a possibilidade de largar a profissão pouco rentável e o dia a dia monótono para ingressar em uma comunidade para os pequenos, na qual poderia viver com bastante luxo ao lado da esposa, Audrey (Kristen Wiig). As coisas, no entanto, não saem como o esperado.
Mesmo trazendo humor em muitas passagens, Pequena grande vida não é predominantemente uma comédia. A primeira metade do filme é uma sátira social com momentos bastante divertidos e, por mais absurda que seja a premissa, a construção desse mundo é convincente. A comunidade em que os pequenos são instalados e todo o processo de encolhimento dos humanos são criativos e evolventes.
A princípio estranha e curiosa, a história imaginada pelo diretor e roteirista Alexander Payne (Nebraska) perde força no decorrer da projeção. Após estabelecer tão bem esse universo, o filme parece deixar para trás a questão do encolhimento e dar destaque a dramas pessoais do protagonista não diretamente relacionados à nova vida. As situações com a qual Paul Safranek precisa lidar a partir de certo ponto da trama são genéricas e poderiam ser vistas em qualquer outro roteiro.
Ainda que mais convencionais, o meio e desfecho não chegam a ofuscar totalmente a originalidade de Pequena grande vida. Assim como o personagem central se mostra, em alguns momentos, inseguro sobre a decisão de passar pelo encolhimento, Alexander Payne parece em dúvida também sobre qual filme deseja mostrar.