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Impacto socioambiental é destaque no Festival de Berlim


O impacto socioambiental causado pela indústria ganhou destaque no Festival de Berlim com a exibição de dois filmes. Viaje a los pueblos fumigados, do argentino Fernando Solanas, aborda o modelo das grandes plantações de soja e seus efeitos nas populações locais. E o documentário americano Patrimonio, dos cineastas Lisa F. Jackson e Sarah Teale, mostram como a água está ameaçada diante de um gigantesco empreendimento imobiliário no México.

O filme de Solanas é o oitavo trabalho do cineasta e senador argentino sobre as consequências da crise que explodiu em seu país em 2001, retratando os impactos nocivos provocados pela plantação em larga escala de soja transgênica, desde o desmatamento até bebês com má-formação e o aumento de casos de câncer pelo suposto uso de pesticidas. “Uma coisa é conhecer e ler, outra é visitar os lugares e ouvir o relato dramático das vítimas”, afirmou Solanas, de 82 anos, que entrevistou agricultores, moradores, médicos e empresários, com direito a imagens aéreas das gigantescas plantações que invadiram o campo argentino.

O diretor conta como a Argentina “mudou de modelo, passando da qualidade para a quantidade”, adotando a soja transgênica “sem consciência” das consequências. Além das populações autóctones, forçadas a abandonar suas casas e viver na miséria, Solanas dá voz a professoras de pequenas escolas rurais que relatam horrorizadas como os herbicidas despejados por tratores e aviões caem literalmente sobre as crianças que brincam no pátio.

O cineasta se submete no documentário a um exame de sangue para determinar a presença de pesticidas em seu organismo. Os resultados o deixam assustado com os níveis elevados de vários produtos tóxicos que são usados nas frutas e verduras. Mas o senador, presidente da Comissão de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, é sincero: “Todos somos cúmplices e todos nos calamos”.

Em Patrimonio, a água é a maior preocupação dos habitantes de Todos Santos, pequena comunidade da Baixa Califórnia Sul, no México, quando em 2015 um grupo imobiliário começa construir 4 mil casas e um hotel cinco estrelas.
No entanto, esse é apenas o início: os pescadores são rapidamente privados de quase todas as praias e um advogado e ambientalista, John Moreno, os estimula a iniciar uma luta de Davi contra Golias.

Bloqueios de estradas, manifestações, tudo parece em vão ao longo de três anos, período em que os pescadores percebem que as instituições não os ajudam. Quando Moreno é detido, a mobilização cresce, as denúncias contra o projeto se multiplicam e finalmente a Justiça – em janeiro deste ano – restitui o direito dos pescadores sobre suas praias. Presente na exibição na Berlinale, Moreno, que passou três meses na prisão, explicou que o projeto está paralisado e quatro processos estão em curso. (AFP)


Antártida

O ator espanhol Javier Bardem abraçou a causa de defesa da Antártida e promoveu, em Berlim, sua missão ambientalista para que a região seja declarada santuário marinho. Para tal, participou de uma expedição em uma diminuta cápsula submarina nas profundezas do Oceano Antártico. “Embora tenha viajado muito, nunca havia visto nada parecido. O trabalho da natureza supera tudo”, afirmou ao apresentar, junto com membros do Greenpeace, a campanha para proteger uma área de 1,8 milhão de quilômetros quadrados.
Além de ceder seu prestígio à campanha, Bardem está produzindo o documentário Santuário sobre sua expedição com o diretor Alvaro Longoria. Bardem aproveitou para alfinetar Donald Trump: “Precisamos de líderes políticos que façam a diferença, que nos guiem”.
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