Mais de 100 organizações civis sul-coreanas criticaram o Festival de Berlim, que expressou apoio à campanha #MeToo contra o abuso das mulheres, por sua "indulgência" com o diretor Kim Ki-duk, acusado de agressão física e abuso sexual. Kim é um dos cineastas mais conhecidos da Coreia do Sul e já recebeu um Leão de Ouro no Festival de Veneza por Pietá (2012) e um Urso de Prata de diretor em Berlim por Samaritana (2004).
Em dezembro, uma atriz que pediu anonimato denunciou abusos do diretor durante uma filmagem. A atriz acusou Kim de abusos físicos e sexuais. Ela disse que o diretor a agrediu e a obrigou a rodar cenas nuas e de sexo que não estavam no roteiro de Moebius (2013), antes de substituí-la por outra atriz.
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Kim admitiu que dar tapas era parte do aprendizado. Seu filme mais recente, Human, Space, Time and Human, será exibido no Festival de Berlim, que começa nesta quinta-feira (15). "Estamos vivendo nesta injusta realidade, em que o autor de um ataque físico trabalha e é bem-vindo em qualquer parte como se nada tivesse acontecido, enquanto a vítima que denunciou o abuso é isolada e marginalizada", escreveram em um comunicado 140 organizações da sociedade civil, que incluem grupos de defesa dos direitos da mulher, dos direitos humanos e de ajuda às vítimas.
O diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, afirmou que a edição deste ano do festival servirá de "fórum" para discutir como combater o abuso contra as mulheres na indústria de cinema. Kosslick disse que a organização do evento não aceitou os trabalhos de cineastas acusados de "maneira grave" de abusos sexuais. "Por que, então, a Berlinale é indulgente com Kim, estendendo o tapete vermelho para ele e para seu filme?", questiona o comunicado, que acusa os organizadores do festival de "consentir e endossar" o comportamento de Kim.
A organização do festival afirmou que as alegações de abuso sexual foram rejeitadas e que o evento "se opõe e condena toda forma de violência, ou de má conduta sexual".