Pelo segundo ano consecutivo, a Mostra de Tiradentes dedicou seu principal prêmio a uma produção mineira. Baixo Centro, de Ewerton Belico e Samuel Marotta, foi eleito pelo júri da crítica o melhor longa da Mostra Aurora, dedicada a diretores estreantes.
Minas ainda se fez presente na premiação de curtas. A retirada para um coração bruto, de Marco Antônio Pereira, foi eleito o melhor filme nesse formato pelo júri popular da 21ª edição do evento, encerrada na noite de sábado.
Se em Baronesa, de Juliana Antunes, vencedor do ano passado, o foco estava na região periférica da capital mineira, Baixo Centro, como o próprio título indica, é ambientado no coração da cidade. “O filme mostra encontros fortuitos na noite de Belo Horizonte. Mas a grande personagem é de fato BH”, comenta Belico.
De acordo com o diretor, a BH que está nas telas do filme é “sobretudo a de personagens que testemunham uma cidade fraturada, que assistiu à morte de um projeto coletivo. É uma cidade cada vez mais partida, um signo da fratura social brasileira”.
Rodado em julho de 2016, Baixo Centro traz no elenco atores locais, como Alexandre de Sena, Marcelo Souza e Bárbara Colen. O projeto nasceu do encontro de Belico e Marotta no Cine Humberto Mauro – o primeiro como curador do festival Forum.doc e o segundo como estagiário da sala de cinema no Palácio das Artes.
“Na época, o Samuel, que não é de BH (é de Dores do Turvo, na Zona da Mata), estava se mudando para o Centro, um lugar que conheço bem. Então a história parte dessa primeira experiência de Samuel (com a região), bem como de uma série de oficinas de vídeo que fiz no Aglomerado da Serra”, acrescenta Belico.
LOCAÇÕES
Da região central, o longa traz como locações a Praça Raul Soares, o viaduto Santa Tereza (há uma cena inclusive com o Duelo de MCs). Mas há outras partes da cidade, como o bairro Castanheiras, nas proximidades de Sabará, e as vilas Marçola e Nossa Senhora de Fátima, ambas na Serra.
A Mostra de Tiradentes também premiou a atriz Julia Katharine, que recebeu o troféu Helena Ignez, dedicado ao destaque feminino. Ela é roteirista de Lembro mais dos corvos, de Gustavo Vinagre (SP), filme que acompanha uma noite de insônia da única personagem em cena. “Dedico esse prêmio às mulheres trans, às travestis e às mulheres cis também, porque nós somos todas uma só. Somos todas mulheres”, agradeceu Julia ao receber o prêmio.
Pela Mostra Foco, a crítica escolheu o curta-metragem carioca Calma, de Rafael Simões. O Prêmio Aquisição Canal Brasil, que oferece R$ 15 mil a um curta da mesma mostra, foi para o paulista Estamos todos aqui”, de Chico Santos e Rafael Mellim.
Na Mostra Olhos Livres, o júri jovem escolheu o filme paulista Inaudito, de Gregório Gananian, que documenta o guitarrista Lanny Gordin. Já o melhor longa na escolha do júri popular foi o documentário, também de São Paulo, Escolas de luta, de Eduardo Consonni, Rodrigo T. Marques e Tiago Tambelli.
SUNDANCE PREMIA DRAMA SOBRE GAROTA GAY
The miseducation of Cameron Post, um drama sobre a terapia de conversão gay da diretora Desiree Akhavan, venceu o principal prêmio do Festival de Cinema de Sundance, que terminou neste domingo.
Com Chloe Grace Moretz como protagonista, o filme impressionou o júri e os espectadores com a história de uma adolescente que se vê obrigada a passar por uma terapia depois que é flagrada em uma relação sexual com a rainha do baile de formatura da escola.
“Em nome de toda a equipe de Cameron Post, queremos dedicar esse prêmio aos membros da comunidade LGTB sobreviventes à terapia de conversão”, disse Moretz.
Kailash, sobre o trabalho de um homem para acabar com a escravidão infantil, recebeu o prêmio de melhor documentário americano, enquanto o prêmio do público para melhor filme americano foi para Burden, de Andrew Heckler.
Butterflies recebeu o prêmio do júri de filme internacional, enquanto Of fathers and sons, sobre a radicalização jihadista, do celebrado cineasta sírio Talal Derki, venceu na categoria documentário internacional.
O Festival de Sundance, fundado pelo ator Robert Redford, é uma vitrine para o cinema independente e, em muitas ocasiões, a mostra serve de trampolim para outras premiações de Hollywood. Entre os filmes exibidos na edição de 2017, Corra, de Jordan Peele, Me chame pelo seu nome, do diretor italiano Luca Guadagnino, e Mudbound, de Dee Rees, foram indicados em várias categorias do Oscar 2018. (AFP)
GUILLERMO DEL TORO É ACUSADO DE PLÁGIO
Em meio a uma das mais ruidosas temporadas de prêmio, Hollywood se deparou com mais uma polêmica. E desta vez o envolvido é o principal candidato ao Oscar.
David Zindel, filho do dramaturgo Paul Zindel (1936-2003), em entrevista ao jornal britânico The Guardian, acusou o filme A forma de água de plágio. De acordo com ele, o diretor Guillermo Del Toro teria se baseado em uma peça de seu pai, Let me hear you whisper (Deixe-me ouvi-lo sussurrar, em tradução livre) para fazer o filme, apresentado como uma história original e indicado em 13 categorias do Oscar.
Na história de Zindel, datada de 1969, a zeladora de um laboratório se aproxima de um golfinho que havia sido capturado e tentar ajudar a criatura. No longa de Del Toro, que estreia nesta quinta no Brasil, uma zeladora de um laboratório secreto do governo americano se afeiçoa a uma criatura marinha que foi aprisionada. A trama se passa na década de 1960.
“Estamos chocados que um grande estúdio possa fazer um filme tão obviamente derivado do trabalho de meu pai sem que ninguém reconheça isso e venha até nós pelos direitos”, afirmou David, que administra a obra de Zindel, ao Guardian.
A forma da água assumiu a forma de um livro original de Del Toro e Daniel Kraus, cujo lançamento no Brasil está previsto para 27 de fevereiro, pela editora Intrínseca. Já o roteiro do longa é creditado a Del Toro e Vanessa Taylor, indicados ao Oscar de melhor roteiro original.
Em resposta à acusação de plágio, o estúdio Fox Searchlight afirmou ao jornal britânico que “Guillermo Del Toro nunca leu nem viu a peça do Sr. Zindel de qualquer maneira. Se a família Zindel tiver dúvidas sobre este trabalho original, a receberemos para uma conversa”.
Vencedor de um prêmio Pulitzer, Paul Zindel teve algumas histórias adaptadas para o cinema: Os amantes de Maria (1984), com Nastassja Kinski, e Expresso para o inferno (1985), com Jon Voight, ambos dirigidos por Andrey Konchalovskiy.
Minas ainda se fez presente na premiação de curtas. A retirada para um coração bruto, de Marco Antônio Pereira, foi eleito o melhor filme nesse formato pelo júri popular da 21ª edição do evento, encerrada na noite de sábado.
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De acordo com o diretor, a BH que está nas telas do filme é “sobretudo a de personagens que testemunham uma cidade fraturada, que assistiu à morte de um projeto coletivo. É uma cidade cada vez mais partida, um signo da fratura social brasileira”.
Rodado em julho de 2016, Baixo Centro traz no elenco atores locais, como Alexandre de Sena, Marcelo Souza e Bárbara Colen. O projeto nasceu do encontro de Belico e Marotta no Cine Humberto Mauro – o primeiro como curador do festival Forum.doc e o segundo como estagiário da sala de cinema no Palácio das Artes.
“Na época, o Samuel, que não é de BH (é de Dores do Turvo, na Zona da Mata), estava se mudando para o Centro, um lugar que conheço bem. Então a história parte dessa primeira experiência de Samuel (com a região), bem como de uma série de oficinas de vídeo que fiz no Aglomerado da Serra”, acrescenta Belico.
LOCAÇÕES
Da região central, o longa traz como locações a Praça Raul Soares, o viaduto Santa Tereza (há uma cena inclusive com o Duelo de MCs). Mas há outras partes da cidade, como o bairro Castanheiras, nas proximidades de Sabará, e as vilas Marçola e Nossa Senhora de Fátima, ambas na Serra.
A Mostra de Tiradentes também premiou a atriz Julia Katharine, que recebeu o troféu Helena Ignez, dedicado ao destaque feminino. Ela é roteirista de Lembro mais dos corvos, de Gustavo Vinagre (SP), filme que acompanha uma noite de insônia da única personagem em cena. “Dedico esse prêmio às mulheres trans, às travestis e às mulheres cis também, porque nós somos todas uma só. Somos todas mulheres”, agradeceu Julia ao receber o prêmio.
Pela Mostra Foco, a crítica escolheu o curta-metragem carioca Calma, de Rafael Simões. O Prêmio Aquisição Canal Brasil, que oferece R$ 15 mil a um curta da mesma mostra, foi para o paulista Estamos todos aqui”, de Chico Santos e Rafael Mellim.
Na Mostra Olhos Livres, o júri jovem escolheu o filme paulista Inaudito, de Gregório Gananian, que documenta o guitarrista Lanny Gordin. Já o melhor longa na escolha do júri popular foi o documentário, também de São Paulo, Escolas de luta, de Eduardo Consonni, Rodrigo T. Marques e Tiago Tambelli.
SUNDANCE PREMIA DRAMA SOBRE GAROTA GAY
The miseducation of Cameron Post, um drama sobre a terapia de conversão gay da diretora Desiree Akhavan, venceu o principal prêmio do Festival de Cinema de Sundance, que terminou neste domingo.
Com Chloe Grace Moretz como protagonista, o filme impressionou o júri e os espectadores com a história de uma adolescente que se vê obrigada a passar por uma terapia depois que é flagrada em uma relação sexual com a rainha do baile de formatura da escola.
“Em nome de toda a equipe de Cameron Post, queremos dedicar esse prêmio aos membros da comunidade LGTB sobreviventes à terapia de conversão”, disse Moretz.
Kailash, sobre o trabalho de um homem para acabar com a escravidão infantil, recebeu o prêmio de melhor documentário americano, enquanto o prêmio do público para melhor filme americano foi para Burden, de Andrew Heckler.
Butterflies recebeu o prêmio do júri de filme internacional, enquanto Of fathers and sons, sobre a radicalização jihadista, do celebrado cineasta sírio Talal Derki, venceu na categoria documentário internacional.
O Festival de Sundance, fundado pelo ator Robert Redford, é uma vitrine para o cinema independente e, em muitas ocasiões, a mostra serve de trampolim para outras premiações de Hollywood. Entre os filmes exibidos na edição de 2017, Corra, de Jordan Peele, Me chame pelo seu nome, do diretor italiano Luca Guadagnino, e Mudbound, de Dee Rees, foram indicados em várias categorias do Oscar 2018. (AFP)
GUILLERMO DEL TORO É ACUSADO DE PLÁGIO
Em meio a uma das mais ruidosas temporadas de prêmio, Hollywood se deparou com mais uma polêmica. E desta vez o envolvido é o principal candidato ao Oscar.
David Zindel, filho do dramaturgo Paul Zindel (1936-2003), em entrevista ao jornal britânico The Guardian, acusou o filme A forma de água de plágio. De acordo com ele, o diretor Guillermo Del Toro teria se baseado em uma peça de seu pai, Let me hear you whisper (Deixe-me ouvi-lo sussurrar, em tradução livre) para fazer o filme, apresentado como uma história original e indicado em 13 categorias do Oscar.
Na história de Zindel, datada de 1969, a zeladora de um laboratório se aproxima de um golfinho que havia sido capturado e tentar ajudar a criatura. No longa de Del Toro, que estreia nesta quinta no Brasil, uma zeladora de um laboratório secreto do governo americano se afeiçoa a uma criatura marinha que foi aprisionada. A trama se passa na década de 1960.
“Estamos chocados que um grande estúdio possa fazer um filme tão obviamente derivado do trabalho de meu pai sem que ninguém reconheça isso e venha até nós pelos direitos”, afirmou David, que administra a obra de Zindel, ao Guardian.
A forma da água assumiu a forma de um livro original de Del Toro e Daniel Kraus, cujo lançamento no Brasil está previsto para 27 de fevereiro, pela editora Intrínseca. Já o roteiro do longa é creditado a Del Toro e Vanessa Taylor, indicados ao Oscar de melhor roteiro original.
Em resposta à acusação de plágio, o estúdio Fox Searchlight afirmou ao jornal britânico que “Guillermo Del Toro nunca leu nem viu a peça do Sr. Zindel de qualquer maneira. Se a família Zindel tiver dúvidas sobre este trabalho original, a receberemos para uma conversa”.
Vencedor de um prêmio Pulitzer, Paul Zindel teve algumas histórias adaptadas para o cinema: Os amantes de Maria (1984), com Nastassja Kinski, e Expresso para o inferno (1985), com Jon Voight, ambos dirigidos por Andrey Konchalovskiy.