Vencedora do Oscar, pacifista, guru fitness, modelo, paciente de câncer, feminista e ativista política. Jane Fonda passou a vida surpreendendo com sua personalidade multifacetada.
A atriz, de 80 anos, abre sua alma em Jane Fonda in five acts, documentário dirigido por Susan Lacy que estreou no festival de cinema independente Sundance, que será encerrado no dia 28, nos Estados Unidos. O filme apresenta uma vida de polêmicas, tragédia e autoconhecimento.
“Trata-se da importância de ser corajosa e ter fé”, diz Jane. “O filme é muito esperançoso, porque mostra como uma pessoa que era um pouco vazia pode se tornar alguém com uma vida com propósitos, significativa”, afirma Jane Fonda.
O documentário mescla relatos de amigos e ex-maridos da atriz, imagens de arquivo e depoimentos dela sobre sua trajetória. Foram 21 horas de entrevistas.
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No quinto ato emerge a verdadeira Jane, outrora uma jovem ingênua, hoje uma das mais influentes ativistas políticas dos Estados Unidos.
“Estou mais velha, mais sábia e mais centrada. Sou capaz de saber o que deve ser feito neste momento”, diz Jane, ao ser indagada sobre as mudanças de sua conduta política com o passar dos anos.
O documentário mostra a dor da atriz quando sua mãe, Frances, suicidou-se, aos 30 anos, depois de enfrentar a bulimia e passar por três casamentos. “A parte mais difícil sempre é falar das coisas mais complicadas na sua vida, dolorosas, emocionantes”, revela.
SEX SYMBOL Nascida em 1937, em Nova York, Jane Fonda chamou a atenção do mundo na década de 1960, como protagonista de Descalços no parque, filme protagonizado por ela e Robert Redford. Em 1968, tornou-se sex symbol ao interpretar a super-heroína de Barbarella, dirigido pelo francês Roger Vadim, com quem era casada.
Em 1969, ela estrelou o aclamado A noite dos desesperados, de Sydney Pollack. Em 1972, ganhou seu primeiro Oscar com Klute: o passado condena, dirigido porAlan J. Pakula. A outra estatueta veio em 1978, por Amargo regresso, longa dirigido por Hal Ashby.
O despertar político de Jane se deu em Paris, no emblemático 1968. Jane morou lá por um curto período e pôde assistir aos protestos de maio contra o governo Charles de Gaulle. Depois, já de volta aos Estados Unidos, ela se engajou no movimento contra a Guerra do Vietnã. Em 1972, viajou a Hanói e posou para fotos com soldados norte-vietnamitas, causando indignação nos americanos.
FEMINISTA Militante dos direitos da mulher, Jane Fonda apoiou as cineastas Greta Gerwig, Patty Jenkins e Dee Rees, criadoras de filmes aclamados pela crítica este ano – respectivamente, Lady Bird – É hora de voar, Mulher Maravilha 2 e Mudbound - Lágrimas sobre o Mississipi.
“As mulheres têm um olhar diferente, experimentamos as coisas de modo diferente. Se não ouvirem nossas histórias, estarão perdendo a metade da narrativa – e os homens perdem tanto quanto nós”, adverte.
Usando uma bandagem na cerimônia de abertura de Sundance, Jane assumiu publicamente sua batalha contra o câncer de pele. Dias antes da festa, os médicos retiraram um tumor de seu lábio inferior. Em 2010, ela foi operada de um câncer de mama.