O título é simples: Visages, villages. Rostos, vilarejos. O projeto é uma parceria do fotógrafo JR e da cineasta Agnès Varda, ícone do cinema francês, com 90 anos de idade. O filme estreia nesta quinta-feira (25) em Belo Horizonte, depois de ter recebido, na terça, uma indicação ao Oscar de melhor documentário. Juntos, Varda e JR põem o pé na estrada a bordo do caminhão fotográfico de JR. O veículo, em si, já é digno de atenção. Uma moderna caminhonete, em formato de máquina fotográfica, com todos os recursos a bordo para desenvolver sua arte.
Mas fora de série mesmo é a dupla de aventureiros. Ela, uma senhora muito bem disposta, falante e aberta ao diálogo com todos e todas, cabelo pintado em duas cores.
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Varda usa o cinema como diário e memória (veja-se, por exemplo As praias de Agnès, sua autobiografia fílmica). Mas não apenas.
Não se trata apenas de entrevistas. As pessoas são chamadas para se transformar em obras de arte. São fotografadas, e as cópias em tamanho gigante são estampadas num celeiro, na fachada de uma casa, num contêiner, numa esquina. Alteram a paisagem. Talvez mudem um pouco a maneira como essas pessoas veem a si mesmas.
Em todo caso, é nosso olhar que se transfigura com a passagem do filme. Já se disse que o cinema, quando grande, nos faz ver algo antes invisível.
OSCAR O Oscar completa em 2018 seus 90 anos. Pois a cineasta francesa Agnès Varda está quase lá – alcança 90 em 30 de maio. Com a indicação de Visages, villages ao Oscar de melhor documentário, ela se tornou a candidata mais velha a concorrer ao prêmio da Academia de Hollywood.
E esta foi sua primeira indicação, vale dizer. Se o filme bater os demais concorrentes – Últimos homens em Aleppo (sobre a guerra na Síria), Strong island (história que investiga um violento assassinato), Ícaro (sobre doping no esporte) e Abacus: Small enough to jail (sobre a crise financeira de 2008) – a estatueta fará par com outra.
Em novembro, Varda recebeu um Oscar honorário pelo imenso trabalho desenvolvido ao longo de seis décadas de atividade. Angelina Jolie, quando foi anunciar o prêmio, referiu-se a Varda como “a avó da Nouvelle Vague”.
Em entrevista ao site Vulture logo após saber da indicação ao Oscar, na terça (23), a cineasta se saiu com esta: “Nenhum dos meus filmes ganhou dinheiro (ela dirigiu pelo menos 50). Mas eu tenho muitos prêmios. Não sei se é uma compensação – o dinheiro não estava lá. Mas prêmios? Eu tenho um armário cheio.”
Visages, Villages será seu último documentário.
A despeito disso, vai continuar na ativa. Atualmente, filma suas palestras, para que não precise se locomover tanto. Sobre a idade, e a demora em ser reconhecida pela Academia, Varda também não perdeu a fleuma. “Filmei Manoel de Oliveira, o diretor português. Ele tinha 102 anos quando o filmei. Então, vamos esquecer a idade.
Abaixo, confira o trailer de Visages, villages: