Com as 13 indicações ao Oscar, A forma da água, de Guillermo del Toro, confirmou seu favoritismo nesta temporada de prêmios. A história fantástica, que chega ao Brasil em 1º de fevereiro, é ambientada na década de 1960, durante a Guerra Fria. Em um laboratório secreto do governo americano, uma zeladora se relaciona com uma estranha criatura.
As indicações à 90ª edição do Oscar – a cerimônia será em 4 de março, em Los Angeles – refletem, de uma maneira geral, o momento atual. Se nas duas edições passadas o prêmio máximo da indústria cinematográfica mundial ocorreu sob a sombra do #OscarsSoWhite, desta vez seus indicados saíram no auge da efervescência do #MeToo.
Pelo menos quatro dos nove filmes indicados ao prêmio principal do Oscar dialogam com os tempos atuais: Lady Bird: A hora de voar, de Gerta Gerwig, que acompanha o rito de passagem de uma jovem para a vida adulta; Três anúncios para um crime, de Martin McDonagh, sobre uma mãe que busca justiça para o assassinato da filha; Corra!, de Jordan Peele, uma visão ácida sobre o racismo; e Me chame pelo seu nome, de Luca Guadagnino, um romance gay na Itália dos anos 1980.
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O elevado número de indicações A forma da água, no entanto, não chega ao recorde dos filmes A malvada (1960), Titanic (1997) e La la land: Cantando estações (2016). Todos eles receberam 14 indicações ao prêmio da Academia de Hollywood.
E, vale lembrar, A forma da água era também o favorito ao Globo de Ouro. Mas das sete indicações, só recebeu dois prêmios: melhor diretor e trilha sonora. Caso o mexicano del Toro vença na categoria de direção, ele vai se juntar aos conterrâneos Alfonso Cuarón (Gravidade, 2014) e Alejandro González Iñarritu (Birdman, 2015 e O regresso, 2016).
Pela ordem, Dunkirk, de Christopher Nolan, vai na sequência, com oito indicações. No entanto, somente duas delas – filme e direção – estão entre as principais categorias. A maior parte das indicações são para prêmios técnicos.
Os tempos estão mudando em Hollywood. Lady Bird: A hora de voar, indicado a cinco categorias, é uma resposta a isto. A não indicação de Greta Gerwig como diretora no Globo de Ouro foi lembrada por Natalie Portman. Durante a premiação, a atriz anunciou os indicados na categoria (“todos homens”).
Desta vez, Gerwig – ativa integrante do Time's up (O tempo acabou), movimento criado em Hollywood contra o estupro e assédio – foi devidamente reconhecida. Além de ser um dos nove concorrentes a melhor filme, Lady Bird deu a Gerwig as indicações a direção e roteiro original. A narrativa acompanha a juventude da personagem de Saoirse Ronan, também indicada a melhor atriz.
Vale lembrar, no entanto, que os ventos de mudança são lentos. Em 90 anos de Oscar, Gerwig é apenas a quinta mulher indicada como diretora. Já Rachel Morrison, é a primeira mulher indicada na categoria de melhor fotografia – por Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi, produção da Netflix que recebeu quatro indicações.
Outras duas produções com grande número de indicações – Três anúncios para um crime (com sete) e O destino de uma nação (com seis, que deve dar o primeiro Oscar a Garyl Oldman por Winston Churchill) – estão marcando presença em várias das premiações da atual temporada.
O Oscar, no entanto, deu um chega pra lá em Steven Spielberg. The Post – A guerra secreta, filme que discute a liberdade de imprensa (outro tema caro aos americanos), só recebeu duas indicações: filme do ano e atriz, para Meryl Streep. Esta foi a 21ª indicação da atriz, que já venceu três Oscar. Tom Hanks, que pela primeira vez contracenou com Meryl Streep (e já venceu dois Oscars), foi solenemente ignorado.