A diretora Caroline Leone não tinha mais do que 20 anos quando, no retorno de um mochilão pela Argentina, conheceu a história que inspiraria seu primeiro longa-metragem, Pela janela. O filme, que estreia hoje no Cine Belas Artes, em BH, inaugura a temporada 2018 da Sessão Vitrine – projeto de distribuição de longas nacionais com ingressos a preços reduzidos.
“A viagem de ônibus (de Buenos Aires a São Paulo) leva três dias. Então, os passageiros acabam virando uma família. Conheci uma mulher que me falou de uma viagem transformadora. O encontro foi especial, já que ela vivia numa realidade tão longe da minha. Sempre quis trabalhar a questão das fronteiras, dos países-irmãos e da identidade latino-americana”, diz Caroline.
Coprodução Brasil/Argentina, Pela janela é um filme bastante simples. Na narrativa, a operária Rosália é demitida de uma fábrica de reatores na periferia de São Paulo. De seus 65 anos, pelo menos 30 foram dedicados àquele trabalho.
“A transformação da personagem é muito sutil. Na verdade, o filme mostra o caminho para uma transformação. A mulher chega ao final do filme como no começo de alguma outra coisa. É como na vida real, em que uma pessoa pode levar anos para sofrer uma transformação”, afirma Caroline, que optou por extensos planos e poucos diálogos.
ESTRADA Os dois irmãos foram interpretados pelos atores Magali Biff (que esteve também no recente Deserto, de Guilherme Weber) e Cacá Amaral.
Até chegar ao circuito comercial, Pela janela participou, em 2017, de 18 festivais nacionais e internacionais – foi premiado com o Fibresci, o prêmio de crítica internacional no Festival de Roterdã, na Holanda.
Leia Mais
'Me chame pelo seu nome' mostra romance homoafetivo em trilogia 'Desejo'Diretor Paulo Caldas investiga emoção ícone da língua portuguesa em 'Saudade'Babu Santana é o homenageado da Mostra de Cinema de TiradentesA cada percurso realizado nos 3 mil quilômetros que separam as duas metrópoles, Caroline ia escolhendo possíveis locações. “Queria que a geografia ajudasse a história”, conta. Nesse trajeto possível, ela se deparou com as Cataratas do Iguaçu, no Paraná. “É um destino muito popular (para quem viaja de carro na região). Eu só tinha muito medo de que a escolha ficasse com cara turística, pois a viagem que eles fazem não é”, observa a diretora.
Na visita ao parque nacional, as feições de Rosália, um misto de apreensão e assombro com a proximidade com as cataratas, são a melhor tradução da transformação que a personagem está começando a sofrer..