A filósofa russa Lou Andreas Salomé publicou suas principais obras entre o final do século 19 e o começo do 20. Nascida em São Petersburgo, ela passou boa parte da vida na Suíça e na Alemanha, onde conviveu com Nietzsche, Paul Rée e Freud, com quem dividiu conhecimentos, tornando-se uma das principais referências femininas na psicanálise. Desafiadora, confrontava os padrões e questionava a posição feminina na sociedade, o que a torna uma personagem bem atual, sendo feminismo a palavra-chave de 2017, segundo o dicionário norte-americano Merriam-Webster. Apostando nesse apelo, a rede Cineart lança nesta quinta (11) nos cinemas a produção alemã Lou, sobre a vida da pensadora.
A direção é de uma mulher, Cordula Kablitz-Post, que assina seu primeiro longa. O plano inicial do longa mostra uma fogueira com livros sendo queimados, enquanto o áudio reproduz um discurso de Hitler condenando a psicanálise e outras expressões intelectuais às chamas. A cena transporta o espectador para 1936, quando Lou tinha 74 anos e vivia reclusa em Gotinga, no interior da Alemanha, com saúde prejudicada, na companhia apenas de uma criada. Procurada pelo jovem Ernst Pfeiffer (Matthias Lier), em busca da ajuda psicanalítica proibida pelo nazismo na época, ela inicialmente se nega a recebê-lo, mas volta atrás e inicia uma longa reminiscência que constitui a trama do filme.
A narrativa recua até a infância de Lousie, na Rússia. Ainda adolescente, já se interessava pela filosofia.
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O nazismo censurou várias das publicações de Salomé, que faleceu em 1937. Graças a Pfeiffer, seu interlocutor no filme, elas foram resgatadas e relançadas após o fim da Segunda Guerra Mundial. No cinema, Lou já havia aparecido em Além do bem e do mal (1977), da italiana Liliana Cavani, que também explora sua vida amorosa, assim como Quando Nietzsche chorou (2007), de Pinchas Perry, adaptado do romance de mesmo nome do psicanalista Irvin D. Yalom. Lançada na Alemanha em 2016, a nova cinebiografia também é uma história de amor melodramática envolvendo algumas das mentes brilhantes do século 19..