Estrelado por Will Smith, novo filme da Netflix aborda racismo e bullying

O longa 'Bright' mescla humor, drama e ação para falar de crimes cometidos numa sociedade futurista

Fernanda Guerra
Will Smith faz o papel de Daryl Ward, policial racista que discrimina o companheiro orc. - Foto: Netflix/Divulgação
Will Smith já interpretou vários policiais, mas nenhum como Daryl Ward, protagonista do longa-metragem Bright, dirigido por David Ayer. Nesse filme de ficção científica, cuja estreia está marcada para esta sexta-feira (22) na plataforma Netflix, ele vive um racista que discrimina o parceiro orc, o agente Nick Jakoby (Joel Edgerton). Daryl é radicalmente diferente do tira Jay de MIB: Homens de preto, comédia dirigida por Barry Sonnenfeld, um dos principais papéis de Smith.

Considerado o primeiro blockbuster da Netflix, Bright marca o reencontro de David Ayer e Will Smith, parceiros em Esquadrão Suicida (2016). O novo longa apresenta um mundo futurista habitado por elfos, fadas, orcs e seres humanos. Ward, policial que investiga “crimes mágicos”, é encarregado de uma missão ao lado de Nick. Os dois se deparam com uma arma poderosa, motivo de perseguição. A partir dessa pluralidade de universos, a intolerância racial é abordada em meio ao equilíbrio entre drama, ação e humor. “Era a nossa forma de olhar para os problemas do mundo, de abrir os olhos das pessoas para esse problema”, afirma David Ayer.

Comparando o mundo de Bright com a sociedade contemporânea, diretor e elenco afirmam que os elfos representam as pessoas com poder, enquanto os orcs foram inspirados em quem não tem nada.
O assunto é abordado com leveza, sem minimizar a proposta de entreter. “Você tem Will Smith, hilário por natureza. E tem Joel Edgerton, que é diferente. É preciso um equilíbrio, encontrar a luz na sombra”, explica o cineasta. Orcs trabalhavam para os elfos, mas a parceria foi rompida, o que levou o planeta ao caos.

 
BULLYING Julgado pela aparência e raça, Nick sofre constante bullying. Torna-se o primeiro policial orc, mas é hostilizado pelos companheiros de profissão. “A questão da injustiça é a parte principal de meus últimos três filmes. Neste, eu me senti isolado. Estava ‘dentro’ de uma maquiagem. Foi difícil e recompensador para um ator”, comenta Edgerton.

A equipe de maquiagem é a mesma de Esquadrão Suicida, que ganhou um Oscar este ano pelo trabalho. Edgerton ficou irreconhecível. Destinava três horas por dia à caracterização, que incluiu forte maquiagem e máscara de látex. Nessas circunstâncias difíceis, a descontração de Will Smith se tornou primordial.
A dupla desenvolveu forte parceria nos bastidores.

“Sei que ele amou trabalhar comigo. Joel recebia grande quantidade de maquiagem por dia, a sessão durava três horas e meia. Coloquei uma das máscaras e realmente é uma coisa. Então, assumi a responsabilidade de entretê-lo”, conta Smith. No início do mês, ele e parte da equipe vieram ao Brasil lançar o filme, conversar com a imprensa e participar da Comic Con Experience, em São Paulo.

O elenco de Bright conta também com Edgar Ramirez, Lucy Fry e Noomi Rapace – o núcleo de elfos. “Sou a vilã. Algumas pessoas podem dizer que sou má, mas tenho o propósito de restaurar a beleza do mundo”, comentou a atriz Noomi Rapace.

Ramirez faz o papel do elfo Kandomere. “Temos ideias diferentes sobre como restaurar a ordem no mundo. A mágica é um elemento muito importante dessa história. Diferentemente de outros filmes, aqui a mágica é algo ruim, destrutivo e perigoso”, revelou o ator.
 
A repórter viajou a convite da Netflix
 
Entrevista
Will Smith , ATOR

RACISMO

“Foi ótimo fazer um negro racista em relação aos orcs.
Interpreto um policial racista. Foi uma virada interessante. Pra mim, foi interessante crescer como afro-americano, lidando com a polícia. Tinha 17 anos e já era agredido pela polícia. Sei o que é ser perturbado pela polícia. Sei como é estar do outro lado. Ter a experiência de estar ali e ver o que ocorre com uma pessoa que está colocando sua vida na reta para proteger pessoas que a odeiam.”

CARREIRA
“Adoro ficção científica, um espaço aberto em que você pode fazer qualquer coisa. Em minha carreira, quero sempre equilibrar entretenimento com ideias sobre a vida. Espero que as pessoas tenham mais consciência sobre questões sociais. Baseei-me nessas ideias. Bright é mais diversão do que outra coisa. É entretenimento.”

BRIGHT E MIB

“A gente gravou nas ruas de Los Angeles. David (Ward, diretor) sabe como gravar em lugares diferentes. A perspectiva dele é diferente. Bright é um drama policial. Em MIB: Homens de preto, não foi necessário abordar questões sociais. Bright explora ideias, entra com mais profundidade (nesse tema) para sustentar o elemento dramático do filme.”

BASTIDORES

“Tudo acontecia de verdade. O David leva a sério a ideia de atores fazerem cenas no lugar dos dublês. Em uma cena do carro (em que Smith é quase esmagado), o carro realmente estava me empurrando. A maneira como ele grava as cenas de ação é excepcional. David junta a equipe para fazer um treinamento físico. Joel (Edgerton) é mestre das artes marciais. Bright é um drama mais violento, mas foi gostoso pra mim (fazê-lo).”
 
Abaixo, confira o trailer de Bright: 

 
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