Segunda maior bilheteria de todos os tempos, Titanic celebra seu aniversário de 20 anos esta semana com eventos e prova que está mais vivo do que nunca. Relançado em versão 3D, segue em exibição em vários cinemas dos Estados Unidos e seduzindo uma nova geração de fãs. “A história real do Titanic é atemporal. Parece existir fora de nossas vidas diárias. Esta lição de moral direta, sem rodeios, é algo que nos fascina”, declarou o diretor James Cameron ao público, durante uma sessão comemorativa em Los Angeles.
A jovem rica Rose (Kate Winslet) e o pobre artista Jack (Leonardo DiCaprio) eram apenas personagens de ficção, destinados a dar nova vida à verdadeira história do naufrágio do famoso navio em 1912, depois de se chocar contra um iceberg durante sua viagem inaugural.
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Com 195 minutos de duração, o filme pode dar a impressão de ser tão longo quanto a viagem interrompida do navio – apresentado como inafundável –, mas recebeu críticas elogiosas e fez de jovens atores estrelas internacionais. Também provocou debate acalorado que, 20 anos depois, continua vivo entre os fãs: havia espaço suficiente na porta utilizada por Rose nas águas geladas do Atlântico Norte de modo que o dois amantes pudessem se salvar?.
O diretor de 63 anos se lembra de ter vendido a ideia do filme aos estúdios Fox com “provavelmente a apresentação mais curta para um filme importante de toda a história de Hollywood”. “Abri um livro no centro do qual havia uma bela página dupla de uma pintura de Ken Marshall, o melhor artista inspirado pelo Titanic”, conta, descrevendo que “era uma bela imagem de um sinalizador de socorro iluminando o navio com botes salva-vidas se afastando enquanto ele afundava”. Cameron conta ter dito apenas cinco palavras: “Romeu e Julieta no meio”.
Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, respectivamente com 21 e 22 anos na época, filmaram a primeira cena juntos em setembro de 1996: Rose está nua, enquanto Jack a desenha. O constrangimento inicial dos jovens atores foi desfeito com o tempo e eles se tornaram bons amigos, encontrando-se nos cinemas cerca de 10 anos depois em Foi apenas um sonho, de Sam Mendes. “Eles se deram muito bem e estiveram ali um pelo outro ao longo desta filmagem exaustiva, difícil”, recorda Cameron.
A produção foi proporcional ao tamanho do navio, pois custou US$ 200 milhões – a produção mais cara da época –, mil figurantes e uma equipe de filmagem de mais de 800 pessoas. O diretor chegou a construir uma maquete em tamanho natural do navio de luxo em uma área na costa mexicana comprada pela Fox, depois de obter as plantas do original de seu construtor. As peças foram meticulosamente recriadas a partir de fotografias antigas, como as escadas do salão da primeira classe do RMS Titanic, ou ainda seus painéis em mogno e luminárias banhadas a ouro. Tudo foi destruído durante a cena do naufrágio.
A filmagem era tão fora do comum que a revista Variety publicava uma coluna diária chamada Titanic Watch, zombando do que era antecipado como o futuro maior fracasso da história de Hollywood. O diretor prendeu uma lâmina de barbear em sua tela de edição, com uma inscrição a caneta: “Para usar se o filme fracassar”.
O primeiro final de semana de exibição rendeu US$ 28,5 milhões e, como todos os blockbusters, as expectativas eram de uma queda de 40% a 50% para o segundo fim de semana. Em vez disso, a produção arrecadou mais US$ 28 milhões e US$ 32 milhões no terceiro fim de semana, mantendo a liderança nas bilheterias por 15 semanas seguidas.
Alguns especialistas argumentaram que os números foram ajudados por adolescentes que foram ver o filme várias vezes, mas, para o diretor, o sucesso fenomenal de Titanic se deve à história de amor capaz de comover todas as gerações. “O que eu fico mais orgulhoso é de ter criado algo que tenha sua própria realidade, que é atemporal”, afirma. “Com todo o devido respeito a Kate e ao Leo, e eles são bons amigos meus, eles não são mais Kate e Leo, são Rose e Jack. E eles serão para sempre Rose e Jack.”