A estreia de qualquer filme relacionado a Star wars causa furor e longas filas atualmente. O cenário, no entanto, era muito diferente em 25 de maio de 1977, quando o primeiro longa da franquia chegou aos cinemas, em apenas 32 salas americanas.
George Lucas enfrentou, na época, uma série de problemas para produzir o épico de fantasia espacial que mudaria a história do mundo do entretenimento. Cansado e esgotado da produção, Lucas batia cabeça entre robôs problemáticos e o clima completamente imprevisível do deserto da Tunísia. Durante a produção, o diretor tinha apenas uma certeza: Star wars seria terrível. Lucas, no entanto, como se sabe hoje, não poderia estar mais enganado.
A trajetória do homem por trás de Star wars é destrinchada em George Lucas: uma vida, biografia de Brian Jay Jones que acaba de ser publicada no Brasil. O livro traça um perfil extenso da história do diretor, desde a infância na cidade de Modesto, Califórnia, até a aposentadoria. A biografia não contou com a colaboração do cineasta. Para compor o livro, de quase 600 páginas, o autor fez uma extensa pesquisa em documentos e arquivos sobre Lucas e ouviu amigos e colaboradores do diretor.
O livro passa inevitavelmente pela criação e os desdobramentos de Star wars.
VALORES Para chegar a isso, o livro mostra que Lucas tinha alguns valores sólidos, que trazia quase como obsessão: a dedicação e o controle. Ele aprendeu com o pai que deveria sempre se dedicar e acreditava que o passado não importava caso houvesse isso. “De fato, acredito que, neste país, é possível fazer qualquer coisa se você se dedicar”, disse certa vez.
Mas o que realmente sempre moveu Lucas foi o controle. E essa é a palavra central na biografia escrita por Jones. Desde o início, o cineasta quis manter tudo o que produzia completamente sob seu poder. Quando começou, ainda na faculdade, a editar vídeos produzidos por outras pessoas, já o irritava profundamente ter de se submeter aos desejos dos outros.
“O que ele simplesmente não gostava, acima de tudo, era de ser mandado. Irritava-o dizerem quais tomadas ele não podia usar”, escreve Jones. Foi assim também que percebeu que queria mesmo ser diretor. “Enquanto eu fazia isso, meio que disse ‘sabe de uma coisa? Talvez eu queira ser diretor. Não quero pessoas me dizendo o que fazer’”, disse Lucas.
Foi por isso também que, depois, quis fundar a Lucasfilm e não precisar se render às imposições de ninguém. “Eles não respeitam talento.
Quando produziu Star wars, Lucas também sentiu isso. O financiamento da Fox economizou em etapas que ele considerava fundamentais, como a fabricação dos robôs e os efeitos especiais. Com a série de erros que aconteceram no set, Lucas começou a ter a certeza de que, se aquilo desse certo de alguma maneira, teria que começar a controlar também o dinheiro.
COMO IRMÃO Lucas manteve uma relação muito próxima com Francis Ford Coppola, responsável por O poderoso chefão. Coppola era o irmão mais velho que Lucas nunca teve e foi fundamental no desenvolvimento do jovem cineasta. Os dois, como bons irmãos, brigavam muito, mas, de alguma forma, se entendiam.
Os dois planejaram ter o próprio estúdio e fugir do domínio das grandes corporações. O de Coppola se concretizou primeiro, mas também durou muito menos. A diferença estava nas ambições. Enquanto Coppola tinha sonhos megalomaníacos e milionários, Lucas planejou começar aos poucos.
Trabalhar na Zoetrope, o empreendimento de Coppola, ensinou muito a Lucas também. “George ficou muito desanimado com a minha administração boêmia”, contou Coppola, que gastava com equipamentos exóticos e celebrações caríssimas. As lições da derrocada da Zoetrope foram fundamentais para a construção do império de Lucas, calcado, como o mostra o livro, em dedicação e controle.
GEORGE LUCAS: UMA VIDA
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. BestSeller
. 588 páginas
. R$ 69,90.