Uma pitada da ingenuidade de Amélie Poulain e a curiosidade de Alice frente ao universo mágico do País das Maravilhas parecem compor Lucy, personagem do filme Em busca de Fellini, que estreia nesta quinta-feira (7) em BH. Dirigido pelo estreante Taron Lexton, de 33 anos, e roteirizado por Nancy Cartwright (conhecida por emprestar sua voz a Bart Simpson) e Peter Kjenaas, o longa conduz o espectador pelo mundo do italiano Federico Fellini (1920-1993), ícone do cinema.
A homenagem se dá tanto na reprodução de cenas de clássicos do diretor quanto no próprio enredo sobre a viagem de Lucy para se encontrar com o próprio Fellini. A caracterização da personagem, aliás, remete a protagonistas eternizadas por Fellini.
REDOMA A tímida Lucy (Ksenia Solo) vive na pequena cidade de Ohio sob a proteção da mãe, Claire (Maria Bello). A jovem, de 20 anos, não viveu experiências afetivas nem profissionais. Seu mundo é uma redoma de sonhos cercada por fantasias criadas pela mãe.
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QuandoLucy resolve buscar emprego ao se mudar de cidade, depara-se com a obra do diretor italiano mais importante de todos os tempos. Fascinada por Fellini, ela resolve ir para a Itália – missão, por si só, bastante desafiadora para alguém tão tímida e inexperiente. Durante os preparativos, ela entra em contato com assessores do cineasta e marca encontro com ele em Roma, em data e horário que não podem ser adiados.
As cidades italianas compõem o cenário da narrativa, que é bastante leve, mesmo quando trata de questões delicadas como a notícia de uma doença terminal ou do assédio sexual que Lucy sofre em Veneza, ao ser abordada por um estranho.
Os fãs de Fellini identificarão cenas dos clássicos A doce vida, Oito e meio e Noites de Cabíria. Se o enredo principal é o encontro da jovem com Fellini, o que se dá pela filmografia, outras questões se fazem presentes de maneira bastante delicada: da convivência de Lucy e Claire às relações amorosas que podem surgir quando estamos em outro país – românticas ou também perigosas.
FRONTEIRAS Cenas dos filmes de Fellini costuram a narrativa. A tentativa é de esmaecer as fronteiras entre sonho e realidade. Em alguns momentos, a estratégia funciona, mas a odisseia tem lacunas. A maior é o fato de Lucy perder os trens que a levariam a Roma, onde Fellini está. A explicação é a ingenuidade da personagem, mas isso se torna pouco verossímil em algumas situações.
A personagem é construída sob inspiração da ingenuidade de Gelsomina, personagem vivida pela atriz Giulietta Masina no clássico A estrada da vida. As imagens desse e de outros filmes de Fellini ajudam a construir a história e a personalidade de Lucy.
Abaixo, confira o trailer de Em busca e Fellini: