A grade é dividida em duas mostras mineiras, seis nacionais, 12 internacionais e quatro longas-metragens, totalizando 97 sessões. As exibições serão distribuídas entre Sesc Palladium, Cine Humberto Mauro, MIS Cine Santa Tereza, Instituto Undió, Cineclube Joaquim Pedro de Andrade, PUC São Gabriel, C.A.S.A., Casa do Jornalista, Viaduto das Artes do Barreiro e Espaço do Conhecimento UFMG, além da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, que receberá sessões especiais com audiodescrição.
A abertura, nesta sexta-feira, no Sesc Palladium, terá a exibição do longa Torrey Pines, do diretor transgênero norte-americano Clyde Petersen. Lançada no ano passado, a produção é rotulada como “road-movie queer-punk”.
Feita em stop motion com recortes de papel, a animação conta a trajetória de Petersen, cuja mãe era esquizofrênica. Na juventude, ainda sob identidade feminina, ele fez uma viagem pelos Estados Unidos que resultou em várias descobertas pessoais, especialmente sobre o conceito de família.
A inclusão é uma das preocupações da curadoria do Mumia. De acordo com Sávio Leite, diretor e fundador da mostra, a ideia é divulgar a animação junto a públicos variados. “Focamos na diversidade como um todo, não só no tema dos filmes. Teremos sessões com audiodescrição para deficientes visuais, levaremos animações infantis a dois ambulatórios da capital. Nós nos preocupamos muito com a acessibilidade, em chegar ao público que não é familiarizado. Vamos ao Barreiro, com sessão no Viaduto das Artes, além da PUC São Gabriel. Não é uma coisa restrita à Região Centro-Sul”, explica .
Entre os convidados está o gaúcho Otto Guerra, que participa de bate-papo com o público no domingo (3), às 19h, no Sesc Palladium. Ele vai comentar o processo de produção de seu novo longa, A cidade dos piratas, criado a partir de quadrinhos da cartunista transgênero Laerte. “O filme também conta sobre a transformação da Laerte, contextualizando esse momento dual do Brasil, onde há tanto discurso de ódio e posições tão acirradas”, adianta Sávio Leite. Haverá exibição-teste do filme, inédito em BH.
O aniversário de 120 anos da capital mineira também será celebrado. No dia 12, a compilação de animações que têm a cidade como cenário será exibida às 19h, na fachada digital do Espaço do Conhecimento da UFMG, na Praça da Liberdade. O festival também comemora os 100 anos da animação brasileira.
PAPEL “Queríamos exibir um filme representativo dessa história. Escolhemos o Piconzé (1972), dirigido por Ypê Nakashima, considerado o segundo longa brasileiro de animação.
Dia 12, o livro Trajetória do cinema de animação no Brasil será lançado pela designer Ana Flávia Marcheti, às 15h30, na Biblioteca Pública. O evento contará com exibição de curtas.
A direção do Mumia aproveita a coincidência de efemérides para celebrar o momento atual da animação brasileira. “São 120 anos de BH, 100 anos de animação no Brasil e 15 de Mumia. Realizar uma mostra dessas por 15 anos no Brasil é de tirar o chapéu, pois sempre foi um cenário muito adverso. Vimos a animação nacional ter um ganho muito grande nesse período. A partir de 2003, o setor passou a ter mais incentivo, editais próprios e hoje há um mercado com muitas séries brasileiras, além de filmes como O menino e o mundo, de Alê Abreu, que disputou o Oscar de animação em 2016”, observa.
Sávio Leite enfatiza que a Mumia tem acompanhado essa evolução. “A gente exibe tudo que nos é enviado. Além disso, Minas é um lugar referência, até pelo curso da UFMG”, destaca, referindo-se ao curso de cinema de animação e artes digitais oferecido pela Universidade Federal de Minas Gerais.
MUMIA
Abertura nesta sexta-feira (1º/12), às 19h30, no Cine Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Exibição de Torrey Pines.