As grandes questões que inquietam a humanidade – De onde viemos? Quem somos? Qual o sentido da vida? – perpassam a história da arte como inspiradoras de obras dos mais diversos artistas, em todas as épocas. São essas perguntas, respondidas pela perspectiva budista, que movem a criação do diretor japonês Hideaki Oba, que escolheu a forma do anime para tratá-las no cinema. Por que vivemos, que estreia nesta quinta-feira, 23, é baseado no best-seller homônimo, lançado em 2001.
Baseada em fatos reais, a trama tem roteiro assinado por Kentetsu Takamori, professor de budismo e autor do livro original, e trata do crescimento do budismo da Verdadeira Terra Pura no Japão (Jodo Shinshu, na língua local). No Brasil, de acordo com dados do IBGE, o budismo conta com aproximadamente 245 mil praticantes.
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O personagem principal do filme é o camponês Ryoken. Prestes a ser pai, ele é mal-humorado, grosseiro e odeia os monges budistas, a quem enxerga como um bando de charlatões que só pensam em dinheiro. Ryoken passa por um drama pessoal quando sua esposa, grávida, morre em um acidente. Desesperado, ele acaba se encontrando com o grupo do mestre Rennyo, que era admirado por sua amada, sob sua desaprovação.
Mestre Rennyo é um personagem real da história do budismo japonês. Discípulo dos ensinamentos de Shinran Shonin, o monge foi um dos principais responsáveis pela difusão da corrente Terra Pura durante o século 15, época em que o país se encontrava estremecido pela guerra civil de Onin.
AUTOCONHECIMENTO Centrado na experiência pessoal de autoconhecimento e devoção do camponês Ryoken, que vai superando suas angústias e compreendendo melhor a própria existência por meio do budismo, o filme mostra como essa vertente da religião conquistou seguidores e se fortificou como uma das principais no Japão.
O filme muitas vezes opta por cenas prolongadas de tom quase didático sobre a Terra Pura e suas pregações sobre a compaixão do Buda Amida (também encontrado como Amitaba, em português), assim como o caminho de descoberta do sentido da vida e da felicidade plena, metaforizada pelo grande navio que nos leva pelo mar de tormentas.
Mas não faltam momentos de ação, típicos dos desenhos japoneses. A história tem também seus momentos de violento conflito, protagonizados por monges guerreiros de outras seitas que não aceitavam o movimento liderado pelo mestre Rennyo e atacavam seus templos. Combates de artes marciais entre perseguidores e seguidores de Rennyo são registrados nos apurados traços da animação oriental.
Por que vivemos ficou em cartaz por 29 semanas no Japão em 2016, ano em que as bilheterias do país foram dominadas por outro desenho, Your name, de Makoto Shinkai. Os cinemas brasileiros serão os primeiros a receber o filme fora do país asiático. O filme estreia por aqui por iniciativa da Editora Satry, responsável também pelo lançamento do livro.
Abaixo, confira o trailer de Por que vivemos: