Tyku e Mondé-i são os últimos representantes da etnia piripkura. Vivem em terras indígenas cercadas por madeireiras no interior do Mato Grosso, entre os municípios de Colniza e Rondolândia. Como decidiram viver isolados numa área não foi demarcada, de tempos em tempos um funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) tem de verificar a existência deles. Quando não mais existirem, a área que deverá ser entregue à exploração.
Piripkura, dirigido por Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge, acompanha esse drama da floresta. Eleito melhor documentário na mais recente edição do Festival do Rio, é o longa que abre a 21ª edição do Forumdoc.BH, nesta quinta-feira (23) à noite, no Cine Humberto Mauro. Até 3 de dezembro, serão exibidas 70 produções, entre curtas e longas. O grosso da programação é de documentários, mas há também filmes que dialogam com o gênero.
Com entrada franca, o festival será realizado no Cine Humberto Mauro, Cine104, Fafich e Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As exibições serão divididas em três mostras: Os fins neste mundo: imagens do antropoceno, com 35 filmes; Contemporânea brasileira, com 21; e Contemporânea internacional, com 10 produções. Haverá ainda curso e seminário.
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O Forum.doc também exibirá em Belo Horizonte, em primeira mão e sessão única, as produções mineiras Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans (melhor filme do Festival de Brasília), e Baronesa, de Juliana Antunes, que saiu consagrado em janeiro na Mostra de Tiradentes. As sessões serão apresentadas pelos próprios realizadores.
Integrante da produtora Filmes de Quintal, criadora do Forum.doc e uma das curadoras da mostra Antropoceno, Júnia Torres diz que esse conceito é bem recente e pouco difundido. “Antropoceno trata do esgotamento dos recursos ambientais e naturais em função da atividade humana”, explica.
As produções selecionadas mostram que a atividade humana sobre a Terra tornou-se tão forte que isso vai impactar na continuidade do planeta e das espécies, diz Júnia.
Serão exibidos filmes que trabalham diretamente essa questão, bem como produções “que trazem paisagens e animais para o primeiro plano”, observa a curadora. Nessa seara, Júnia destaca o documentário alemão Staub (Poeira), de Hartmut Bitomsky, que trata do aquecimento global, e a ficção Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós. “É um filme que dialoga com o fim do mundo por meio de um clima apocalíptico”, diz Júnia Torres.
Assim como outras edições do evento, o Forumdoc.BH reúne produções assinadas por realizadores indígenas. “São filmes de resistência, que mostram outros modos da relação entre o homem e o mundo natural”, conclui.
DESTAQUES
>> QUINTA-FEIRA
19h – Cine Humberto Mauro. Curta ATL, de Edgar Correa Kanaykõ, e longa Piripkura, de Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge. Sessão comentada pelos diretores
>> SEXTA-FEIRA
19h – Cine Humberto Mauro. Curta Artificial atmospheres (EUA), de Robert Todd e Deb Todd Wheeler, e longa Staub (Alemanha), de Hartmut Bitomsky
>> SÁBADO
19h – Cine Humberto Mauro. Longa Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans. Sessão comentada pelos diretores
>> 1º DE DEZEMBRO
21h – Cine Humberto Mauro. Longa Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós. Sessão comentada pelo diretor
>> 3 DE DEZEMBRO
19h – Cine Humberto Mauro. Curta Em busca de Júlia, de Beatriz Vieirah, e longa Baronesa, de Juliana Antunes. Sessão comentada pela diretora
FORUMDOC.BH
Até 3 de dezembro, no Cine Humberto Mauro (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro); Cine104 (Praça Rui Barbosa, 104, Centro); Fafich UFMG (Av. Antônio Carlos, 6.627, Pampulha); e Escola de Arquitetura (Rua Paraíba, 697, Funcionários). Entrada franca. Programação completa: www.forumdoc.org.br